sexta-feira, 29 de abril de 2011

1º.de Maio - Dia do Trabalhador

1º. MAIO
Há Maio em cada rosto
em cada olhar
que passa pelo asfalto da Avenida
Há Maio em cada braço
que se ergue
há Maio em cada corpo em cada vida
Há Maio em cada voz
que se levanta
há Maio em cada punho que se estende
há Maio em cada passo
que se anda
há Maio em cada cravo que se vende
Há Maio em cada verso
que se canta
há Maio em cada uma das canções
há Maio que se sente
e contagia
no sorriso feliz das multidões
Há Maio nas bandeiras
que flutuam
e mancham de vermelho
o céu de anil
Há Maio de certeza
em cada peito
que sabe respirar o ar de Abril
Mas há Maio sobretudo
no poema
que se escreve sem ler o dicionário
porque Maio há-de ser
mais do que um grito
porque Maio é ainda necessário
Canto Maio e se canto
logo existo
que o meu canto de Maio é solidário
com o canto que escuto
e em que medito
e que sai da boca do operário
(Fernando Peixoto)

Carlos Paredes, o mestre da guitarra portuguesa

quinta-feira, 28 de abril de 2011

IV Jogos Florais de Setúbal 2011

Os IV Jogos Florais de Setúbal 2011, de acordo com o Regulamento, compreendem trabalhos inéditos: Quadra - tema e rima livres; Soneto - tema livre; Poema - de construção e tema livres.

O prazo para a entrega dos trabalhos concorrentes é 31 de Maio de 2011 (data de carimbo dos correios).

Para obter o Regulamento e quaisquer informações, contactar: NPS - Praceta de Macau, 6 1º esq. 2900-079 Setúbal. Ou ainda npoesiasetubal@hotmail.com

sexta-feira, 22 de abril de 2011

quarta-feira, 20 de abril de 2011

Jorge Marques

Quando a Boavista Canta

Nosso Bairro veio p'rá rua
alegrar a terr'inteira
vejam lá que o Sol e a Lua
vejam lá que o Sol e a Lua
entraram na brincadeira

E a vibrar na noss' sp'rança
vai o povo tão contente
a sonhar como criança
a sonhar como criança
a brincar alegremente

Boavista
Boavista
não há ninguém que resista
ao teu jeito d'encantar
Boavista
Boavista
nasceste p'ra ser artista
bairro lindo e popular
de laranjinha na mão
vai feliz a tradição
ao sabor de lindas trovas
Boavista
Boavista
não há ninguém que resista
quando passa Vendas Novas

Bairro de progresso em flor
no altar de cada dia
onde mil beijos de amor
onde mil beijos de amor
são trabalho e alegria

Trigo pão em cada peito
'spiga d'oiro se levanta
fic'ó mundo mais perfeito
fic'ó mundo mais perfeito
quando a Boavista canta.

Os versos de António Cigarra Pegas, João Marrafa e Jorge Marques foram musicados pelo compositor (e também poeta) João Marrafa, foram retirados da brochura Melodias de João Marrafa, que foram apresentadas no 1º. Encontro de Amigos de Alcácer, em Maio de 1992.

terça-feira, 19 de abril de 2011

António Cigarra Pêgas

Calça vincada

Calça vincada
bem apertada
p'ra bem par'cer,
moda d'agora
sempre na hora
par'á mulher!...

And'há muito em Portugal,
esta moda feminina,
que faz da mulher actual
mais forte, mais masculina...

As moças sem dar ouvidos,
passaram a vestir calças,
pondo de parte os vestidos
e camisinhas com alças...

Calça vincada
(...)

Hoje uma calça bem feita,
e muito justinha à perna,
é a moda bem eleita
por qualquer moça moderna.

Uma blusa à "sporte",
com manga de pouca roda,
tudo feito com bom corte
eis o luxo, eis a moda!...

Calça vincada
(...)

sexta-feira, 15 de abril de 2011

João Marrafa

Minha terra pequenina, airosa e bela.
Debruçada com doçura sobre o Sado,
Onde o casario branco se espelha.
Sob a luz do Sol doirado.

Gente humilde, conselheira, terna e boa,
Cheia de fé, de amor e de verdade,
É valor de quem trabalha quem semeia
No calor da liberdade!

Oh minha terra, meu tesouro de saudade,
Oh minha vida que em ti me viu nascer,
Oh terra amiga, por quem sinto esta amizade,
Na humildade, do teu viver.

Como a seara, que nascida nos dá pão.
Trigo que é oiro e riqueza da pobreza.
Contigo vivo e partilho a gratidão
D'um amor profundo - que é beleza.

Lá no cimo o teu imponente castelo
- Vigilante e glorioso do passado!
É mais airoso, mais fascinante e belo,
Quando o Sol morre a seu lado.

Tuas casinhas da cor do branco véu,
Cercadas de pinheirais de verde manto,
Casam com o terno Sado e o azul do céu,
Um quadro puro - de encanto!

quarta-feira, 13 de abril de 2011

Jorge Marques

Fui ao jardim do amor
P'ra colher 'ma linda flor
Qu'enfeitasse a minha vida.
Lá perdi o meu olhar
Na beleza d'encantar
De tanta rosa florida

Eram rosas amarelas
Mimosas, frescas e belas
A sorrir em verde manto...
Eram rosas encarnadas
Rosas brancas perfumadas
Um quadro puro de encanto.

Rosa Maria
Meu amor, minh'a alegria
Meu cheirinho a primavera
Rosa Maria
Quem me dera ter-t'um dia
Ter-t'um dia quem me dera.
Assim formosa
Maria meu coração
Tu és a rosa
Princesa desta paixão.

Hoje lembro com saudade
O jardim, aquela tarde
Em que as rosas eram mil
Que loucura, que prazer
Cheio de amor a qu'rer colher
Rosas de Maio ou de Abril.

E o tempo assim passou
E o peito preso ficou
Ao encanto sonhador
De ficar apaixonado
Por esse amor encantado
Linda rosa , meu amor.

Jorge Marques

segunda-feira, 11 de abril de 2011

António Cigarra Pegas

Rosa Feia

Rosa feia rapariga
Quis à força namorar-me
Agora quer lhe diga
Que estou disposto a casar-me.

Mas a mulher é tão feia
Que eu não caso, fico só.
Antes prefiro a cadeia
Que com ela dar o nó.

Oh Rosa, Oh Rosa
Não teimes comigo
Tu não és formosa
Não caso contigo.

Oh Rosa, Oh Rosa
Não sejas assim
Não sejas teimosa
Não penses em mim.

Rosa chorando "faz cena"
Por ver eu não lhe ligar,
eu embora tenha pena
A Rosa não posso amar.

Mas a Rosa sempre teima
Mesmo sem eu gostar dela,
Mas é tempo que ela queima
Pois eu não caso com ela.

quarta-feira, 6 de abril de 2011

Quadras

No domínio da Quadra, nos VI Jogos Florais da AURPICAS, 1991, Alcácer do Sal, foram premiadas as seguintes:

1º. prémio

Não faz pecado quem sonha
Com o amor e a paz na terra
Faz pecado e é vergonha
O Homem sonhar a guerra.

Luzia Carvalho, de Alcácer do Sal

2º.prémio

Não faz pecado quem sonha
Pois só pretende, afinal,
Alhear-se da vergonha
Do que é o mundo real.

João Baptista Coelho, Tires, Parede

3º.prémio

Moira encantada, nua,
Tão linda te vi, cegonha!
No castelo, à luz da lua,
Não faz pecado quem sonha.

Augusto Mota Reis Arês, Alcácer do Sal

Menções honrosas

Ceifeira d'olhar tristonho
De face trigueira e calma
Tu nunca ceifes o sonho
Que cresce na tua alma.

Helena Luísa Miranda Coentro, Miratejo, Almada

Não faz pecado quem sonha
Nem o sentido é culpado
Nem o sonhar é vergonha
Quem sonha não faz pecado.

Virgílio Silvestre, Sines

Quem sonha não faz pecado
E o meu sonho já nasceu
Sonho lindo, encantado
Que em meu ventre aconteceu.

Luzia Carvalho, Alcácer do Sal

Não faz pecado quem sonha
E inocente o menino
Enganado em pequenino
Sonha que o trouxe a cegonha.

Eduardo Pires Máximino, Alcácer do Sal

segunda-feira, 4 de abril de 2011

Helena Luisa Miranda Coentro

Alcácer tem na cegonha
Um testemunho a dizer:
Não faz pecado quem sonha
Um castelo p'ra viver.

Dos versos faço oração
Com versos ponho no Sado
Os saveiros do passado
Abrindo sulcos de pão.
Planto no rude chão
Arrozais que o homem sonha
Pois eu não sinto vergonha
De ter asas nos meus braços.
Alentejo tem nos espaços
Alcácer tem na cegonha.

Nos versos a musa espreita
Ao povo bom e irmão,
A cortiça, a solidão,
Os caminhos de giesta.
Alcácer com ar de festa
Eu invento com prazer
E não consigo deter
O sonho da terra-mãe
Onde Pedro Nunes tem
UM TESTEMUNHO A DIZER.

No meu poema singelo
Canto a charneca encantada
A força de uma tourada
As encostas do castelo.
O Alentejo tão belo
A deixar que o homem ponha
Na natureza tristonha
A magia dos sobreiros.
Com a fartura nos celeiros
NÃO FAZ PECADO QUEM SONHA.

Canto os trigais, o sapal,
A terra sedenta de água,
Florbela e sua mágoa,
Eu canto Alcácer do Sal.
A sombra do chaparral
Na tarde mansa a descer
No poema a descrever
Alcácer boa e risonha
Que até oferece à cegonha
UM CASTELO P'RA VIVER.

Helena Coentro, de Miratejo, Almada, com estas décimas obteve o 1º. prémio dos IV Jogos Florais da AURPICAS, Alcácer do Sal, em 1991

sábado, 2 de abril de 2011

Adriana da Cruz Guimarães

"Sonho!"

Sonho de luz, de forte claridade
Sonho de amor, de fé e de beleza
Sonho feito das horas de'incerteza
Quisera ver-te agora, realidade!

Fosses não fantasia, mas verdade...
A minha aspiração, feita alegria
Depois cantar, cantar de noite e dia
Sem um momento vão d'ansiedade!...

Este sonho - dirás - não é real
Impossível viver num mundo assim
Sem pecar, ou sentir certa vergonha...

Engano, era bem simples afinal
Se tu tivesses afeição por mim...
Mas, eu sei; "não faz pecado quem sonha"...

Com este soneto, Adriana Guimarães obteve o primeiro prémio dos IV Jogos Florais da AURPICAS, 1991, Alcácer do Sal.

sexta-feira, 1 de abril de 2011

Mário Augusto Freitas Vale Rego

Tento ver nas diferenças, as razões;
Tento dessas razões vir a saber;
Sei verdades da vida só por ver,
Só não vejo razão para ilusões.

Entrechocam-se mundos de emoções,
Relampejantes, de estarrecer;
Que na ventura ou tanto sofrer
São destinos que marcam corações.

Pobres nós, animais que todos somos,
Sempre esperando p'ra nós mundos mais belos
Deixando outros p'ra trás bem mais medonhos.

Se sonhamos, a outros mundos fomos
Que do nosso são mundos paralelos,
Onde vão inocentemente os sonhos.

O Mário Rego é de Aradas, Aveiro. com este soneto obteve o 3º. lugar nos IV Jogos Florais da AURPICAS (Alcácer do Sal), no ano de 1991