sábado, 23 de junho de 2012

Dialecto Mirandês

Öusendi¨ca era pastora.
Linda i chena d' alegrie,
Cantaba, fazendo meia,
Até la çposta del dìe.

Rompìe l alba i Öusendì¨ca
Yá sùes öubëilhas traìe,
A pacer i a berrear,
à strelhada gritarìe.

Öusenda, de clor triguëira,
Alma d'anjo inda tenìe,
Florie-l nos olhos las strëilhas
De tóla grácia q' habìe.

Em Nossa Alma i Nossa Tierra

quarta-feira, 20 de junho de 2012

Dialecto Mirandês

Bã-te röubando l alma,
Mìe tierra pequenina!
I deixã-te sien, calma,
Sien fala i sien, sentir,
Mudando l töu bibir...

-Morrendo-te a la squina!...

La fala dels abós
Yá n~u la querémos nós!...

Canti¨gas q' erã strëilhas
Acábã sien dar pur ëilhas!...

Bestidos q' erã tã guapos,
Antëiros fortes i ri¨cos,
Trocór~u-los pur farrapos
A Ambrulhar corpos tunti¨cos...

La fé q' era tã biba,
Tã pura cum' el sol,
Tã firme i tã segura
Cum' asssentar de fragas,
Bã-la molendo i matando
I, ã sõu lhugar, deixando
Cegueiras, crimes i pragas!...

... - Tól alma se mos bai indo
No bício que bai benindo!...

Em Nossa Alma I Nossa Tierra

domingo, 17 de junho de 2012

Dialecto Mirandês

Eiqui bibiu Pertual zde la primeira hora, pur eiqui naciu, e pur ende abaixo se botõu... antrõu ne mar i döu bolta al Mundo...

(Castelo de Algoso, primeira cabeça da terra de Miranda e primeiro lugar, em Portugal, onde se estabeleceram freires militares do Hospital - últimos anos do século XII)

Em Nossa Alma I nossa Tierra

sexta-feira, 15 de junho de 2012

Figuras de Setúbal

Mestre João Vaz na pintura
CALAFATE a calafetar
Poeta de muita ternura
Setúbal ele soube cantar

E Houve outros setubalenses
Muito humildes em suas vidas
E são esses que vão ser lembrados
Plo CETÓBRIGA nestas cantigas

O ENGENHEIRO da SAPEC
É um bom homem, por assim dizer
Com a sebenta gabardine
Sapatos de ténis a condizer

O KALY ficou famoso
E quando "quá, quá" lhe diziam
Ficava de todo furioso
Das pedradas todos fugiam

Sempre vestida como convém
Dona DORETE ama a vida
Qualquer trapinho lhe fica bem
Roupa berrante oferecida

Seu nome AMÉRICO RIBEIRO
Retratista de muito valor
A fotografar foi o primeiro
Numa carreira feita de amor

LAMAS, homem sério e sereno
Muito engraçado no falar
De porte largo e pequeno
E grandes pés para andar


Muito popular na sua arte
CHICO DA CANA é um artista
Da nossa cultura faz parte
De Setúbal muito bairrista

ZÉ MALUCO octogenário
Grande amigo dos animais
quarenta gatos tem em casa
E à sua porta muitos mais

Com penas e medalhas enfeitado
Vende esperanças sem dinheiro
Muito humilde e respeitado
O nosso PÃO e UVAS cauteleiro

Na sua bicicleta sem travões
Cachimbo na boca, ao lado
Lenço branco no macaco
Eis FINURA aperaltado

Carlos Rodrigues o artista
Bom setubalense e amigo
O melhor que há na revista
Por MANUEL BOLA conhecido

E estas figuras de Setúbal
Cada uma à sua maneira
São parte integrante da cultura
De gente orgulhosa e ordeira

Em Histórias Cantadas, de Fernando Baptista

quinta-feira, 14 de junho de 2012

Rumo à Terra Nova

Com sotaque da Figueira ou Aveiro
Aos setubalenses se vinham juntar
Terra Nova como rumo primeiro
Para em conjunto no mar pescar

Eram do Norte esses marinheiros
Vinham a Setúbal carregar sal
Na popa dos navios bacalhoeiros
Traziam a bandeira nacional

Partiam os veleiros do meu país
Rumo à Terra Nova para pescar
Nos seus doris em condições hostis
Na imensa vastidão do alto-mar

Em Histórias cantadas, de Fernando Baptista

terça-feira, 12 de junho de 2012

Manuel da Fonseca

Veio a guarda com a lei
no cano das carabinas,
Cercaram-me num montado;
puseram joelho em terra;
gritaram que me rendesse
à lei dos caminhos feitos.
Mas eu olhei-os de longe,
o rosto apenas virado,
que só vi em meu redor
dez pobres ajoelhados
perante mim, meu senhor.

quinta-feira, 7 de junho de 2012

Chama-se Catarina
O Alentejo a viu nascer
Serranas viram-na em vida
Baleizão a viu morrer

Ceifeiras na manhã fria
Flores na campa lhe vão pôr
Ficou vermelha a campina
Do sangue que então brotou

Acalma o furor, campina
Que o teu pranto não findou
Quem viu morrer Catarina
Não perdoa a quem matou

Aquela pomba tão branca
Todos a querem p'ra si
Ó Alentejo queimado,
Ninguém se lembra de ti.

Aquela andorinha negra
Bate as asas p'ra voar
Ó Alentejo esquecido,
Inda um dia hás-de cantar.