Sempre sensível e humana
Mesmo azeda tens ternura
Todos te chamam a Ana
És árvore que não abana
És como as côdeas do pão
Ásperas, duras mas gostosas
Também há picos nas rosas
Também há pedras no chão
Abres sempre o coração
Ao trabalho e ao cansaço
Não tens filhos no regaço
Mas sentes as dores alheias
Na seara que semeias
O seu fruto não engana
Se te perguntam quem és
Respondes: Eu sou a Ana.
O autor é o José Machado Moreira Rita, tratado por Zé Mota, Nome que durante anos eu tive por seu, verdadeiro. Afinal era o seu nome de guerra! Escreveu este poema que dedicou à Ana Benedita, sua amiga e camarada de luta. Conheci o saudoso Zé Mota e conversamos muitas vezes. Conheço a Ana Benedita que, apesar de termos estado nas mesmas salas, nos mesmos eventos, vezes sem conta, nunca surgiu ocasião para trocarmos qualquer palavra. Do que presenciei da Ana, do que dela dizia, com ternura, a Conceição Morais, ler este poema do Rita, é identificar sem sombra de dúvida a personalidade da homenageada, a quem felicito pelo testemunho que nos oferece com as suas Vivências.