domingo, 31 de março de 2013

Zé Mota

Às vezes rija e dura
Sempre sensível e humana
Mesmo azeda tens ternura
Todos te chamam a Ana
És árvore que não abana
És como as côdeas do pão
Ásperas, duras mas gostosas
Também há picos nas rosas
Também há pedras no chão
Abres sempre o coração
Ao trabalho e ao cansaço
Não tens filhos no regaço
Mas sentes as dores alheias
Na seara que semeias
O seu fruto não engana
Se te perguntam quem és
Respondes: Eu sou a Ana.

O autor é o José Machado Moreira Rita, tratado por Zé Mota, Nome que durante anos eu tive por seu, verdadeiro. Afinal  era o seu nome de guerra! Escreveu este poema que dedicou à Ana Benedita, sua amiga e camarada de luta. Conheci o saudoso Zé Mota e conversamos muitas vezes. Conheço a Ana Benedita que, apesar de termos estado nas mesmas salas, nos mesmos eventos, vezes sem conta, nunca surgiu ocasião para trocarmos qualquer palavra. Do que presenciei da Ana, do que dela dizia, com ternura, a Conceição Morais, ler este poema do Rita, é identificar sem sombra de dúvida a personalidade da homenageada, a quem felicito pelo testemunho que nos oferece com as suas Vivências.

quinta-feira, 28 de março de 2013

Francisco Miguel

Tens sangue de camponesa
Coração puro e isento
Falas sempre com franqueza
Apesar da tua aspereza
Tens sempre bom sentimento.

Dedicado pelo autor a Ana Benedita Ramos Caro

domingo, 17 de março de 2013

Martinho Ambrósio Ruivo

Doze anos namorei
Que se conte mais algum
Nova vida arranjei
Casei em sessenta e um.

Este é o mote de umas décimas escritas pelo senhor Martinho, de Évoramonte, nas quais descreve o seu casamento, aos 32 anos, com a senhora Aurélia Inácia Simões Saias.

quinta-feira, 7 de março de 2013

Fernando Pessoa

O manjerico comprado
Não é melhor que o que dão.
Põe o manjerico ao lado
E dá-me o teu coração.

Rosa verde, rosa verde...
Rosa verde é coisa que há?
É uma coisa que se perde
Quando a gente não está lá.

Andorinha que passaste,
Quem é que te esperaria?
Só quem te visse passar
E esperasse no outro dia.

sexta-feira, 1 de março de 2013

Grândola, Vila Morena

Grândola, vila morena
Terra da fraternidade
O povo é quem mais ordena
Dentro de ti, ó cidade

Dentro de ti, ó cidade
O povo é quem mais ordena
Terra da fraternidade
Grândola, vila morena

Em cada esquina um amigo
Em cada rosto igualdade
Grândola, vila morena
Terra da fraternidade

Terra da fraternidade
Grândola, vila morena
Em cada rosto igualdade
O povo é quem mais ordena

À sombra duma azinheira
Que já não sabia a idade
Jurei ter por companheira
Grândola a tua vontade

José Afonso