quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Sr. Raimundo, de Ervidel

Arriba Henrique Galvão
És tu o homem do dia
Os portugueses dão-te a mão
No caso do Santa Maria

És um português de raça
Lutas com patriotismo
Enfrentas este fascismo
E sabes o que se passa

Há quem diga por chalaça
Que são passos dados em vão
Mas hás-de ter o brasão
De conseguir a vitória
E vais ficar na história
Arriba Henrique Galvão

Tens ao teu lado direito
O homem mais indicado
É o general Delgado
Muito trabalho tem feito
O povo está satisfeito
Com uma grande alegria
Afirma com garantia
Salazar tem de ceder
E a luta que hás-de vencer
Que és tu o homem do dia

Lutam as diplomacias
Engenheiros e doutores
Lutam os trabalhadores
Contra as altas burguesias

Sofrendo estas tiranias
Debaixo da repressão
Mas és tu o capitão
Que vens içar o estandarte

Junto a esse baluarte
Os portugueses dão-te a mão
Protestam os estudantes
E também os professores

Protestam os agricultores
São uns protestos brilhantes
A popular democracia

Mostra a tua galhardia
Que já foste prisioneiro
Tens Portugal inteiro
No caso Santa Maria.

Está bom de ver que este poema foi escrito há cerca de 50 anos e relata a saga do assalto ao paquete Santa Maria, uma acção comandada pelo Capitão Henrique Galvão, feito que, teve um fortíssimo impacto na população portuguesa, que viu com simpatia esta acção anti-Salazarista. Este acontecimento foi recentemente adaptado ao cinema pelo realizador Francisco Manso.



António Zambujo

domingo, 26 de dezembro de 2010

Poetas populares do Concelho de Moita

Têm vindo a ser publicados neste espaço alguns dos poetas incluídos em Poetas nossos munícipes, editado pela Câmara Municipal da Moita. Terminado este ciclo, vou destacar alguns aspectos que me perecem interessantes, e desde logo um traço quase comum a todos, que é o seu envolvimento na vida associativa local.
Grande parte, são originários de regiões rurais do interior, com destaque para o Alentejo. São, em geral, trabalhadores que cedo se fixaram no concelho de Moita, em busca de trabalho.A Península de Setúbal era atractiva, pois aqui se situavam importantes unidades industriais: a CUF e as Oficinas da CP no Barreiro, a Siderurgia Nacional no Seixal, a Lisnave em Almada, a Setenave em Setúbal, para além de um vastíssimo leque de pequenas e médias empresas de sectores como a metalurgia pesada e ligeira, corticeiro, electrónica, confecções e vestuário e ainda uma construção civil em grande expansão.
Na obra destes poetas é muito vincada a sua identidade de classe, a expressão dos valores da fraternidade, da solidariedade, da liberdade, da justiça social, da defesa da Paz e condenação da guerra. Não surpreende por isso a sua participação activa e militante no Associativismo e, depois do 25 de Abril, nos vários Orgãos do Poder Local Democrático.
A propósito, vale a pena referir a forte tradição, riqueza e diversidade do Movimento Associativismo no concelho de Moita. Com efeito, num inventário relativamente recente foram identificadas 124 Colectividades, Clubes, Associações, Cooperativas, que abarcam todas as áreas da vida em sociedade: Cultura, Desporto, Amizade, Convívio, Solidariedade, Intervenção Cívica. A sua expressão por Freguesia é a seguinte: Alhos Vedros, 35; Baixa da Banheira, 31; Gaio/Rosário, 5; Moita, 34; Sarilhos Pequenos, 6; Vale da Amoreira, 13.
Os seus versos, percebendo-se as sua raízes, as suas origens, são claramente uma poesia popular urbana em que os seus autores, em muitos casos, procuram a inovação para reflectirem a realidade em que estão inseridos.

quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Martinha Marques Fernandes Fatia

Liberdade

Livre é a águia
Voando sobre a montanha
É o rio correndo
Em direcção ao mar
É o vento
Com a sua força estranha
São os pássaros
No seu inocente chilrear

Todos os seres nascem
Da mesma maneira
Livres com direito
De viver a vida
Um país para amarem
E a sua bandeira
Um sentido de honra
Para não ser esquecida

Gosto pela amizade
Pura e verdadeira
Todos têm mãe
Que lhes deu a vida
Que lhes ensinou
Que o amor é tudo
O que de melhor
Pode haver na vida

Mas tu homem
Que és imperfeito
Destrois e desprezas
Tais sentimentos
Só com a riqueza
Ficas satisfeito
Pouco te importando
Nobres sentimentos

No seu egoísmo
O homem tem feito as diferenças
Nas crenças nas raças
No Norte e no Sul
Porque infelizmente
Ainda há quem pense
Que por ser nobre e rico
Se tem sangue azul

Sangue azul
Porque se é rei e senhor
Deste mundo cheio de injustiças
São blasfémias
De algum ditador
Que à custa do povo
Vive na preguiça

Livre de ser pobre
Não é uma liberdade
É uma situação
Que nos é imposta
Porque quem não trabalha
E vive à vontade
Por quem do melhor
Tem a mesa posta

Esta Mulher beirã, de Pracana Cimeira/Mação, nascida em 1947, reside em Alhos Vedros desde os oito anos. Mulher trabalhadora nas industrias corticeira e das confecções/vestuário.

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Manuel Luis de Jesus Beja

Guitarra doce guitarra

Guitarra doce guitarra!...
Companheira da ternura!...
Embala no teu trinar
Minha alma, que a cantar
Chora penas de amargura.
Canto as mágoas do meu peito,
Com a voz que Deus me deu,
Mas meu cantar sem o teu
Não tem sentido nem jeito!

Guitarra!
Oh guitarra dolorida!
Rouxinol do meu encanto,
Numa roseira florida!
Guitarra!
Oh guitarra dolorida!
Minha irmã de meigo pranto,
Poema da minha vida!

Guitarra, doce guitarra!...
Coração de filigrana!
teu ranger suave e quente,
Espalha pelo mundo a semente,
Da saudade lusitana.
Guitarra das noites tristes,
Romance do meu país,
Meu sonho, minha raiz,
Se hoje canto, é porque existes!

Natural da Moita, onde nasceu em 1934, o Manuel Beja teve várias profissões - electricista, desenhador, técnico informático, formador profissional. Foi participante activo do movimento associativo e do Poder Local, integrou um conjunto musical, fez teatro amador e escreveu crónicas em jornais. É autor do livro de poemas Moita do Ribatejo - um olhar sobre o tempo.

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Manuel Luis de Jesus Beja

Quadras duras à solta

No mundo da hipocrisia
Há sempre alguma maneira
De um rico ganhar num dia
Mais que um moço pobre , a vida inteira

Quem a moral apregoa,
Mas só a maldade encerra,
É como abutre que voa
Sobre os despojos da guerra!

Temos direitos iguais!
Diz o nobre cavalheiro.
Mas uns trabalham de mais
Outros ficam com o dinheiro!

Prende-se um pobre indigente,
Que tira um pão para comer!
E louva-se certa gente,
Que rouba mesmo a valer!

Se hoje fosse decretado,
Prender todos os ladrões,
Entrava em falência o Estado
Com os gastos nas prisões

Há muitos religiosos
Falando de caridade,
Que me lembram mentirosos,
Jurando falar verdade

Se dizem sermos irmãos
E feitos de igual matéria,
porque razão há cristãos;
Que só conhecem miséria!

Não liguem a este fado
Afinal, estive a brincar
É melhor ficar calado
Senão fazem-me calar

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

José Vicente

Soltas

Como queres tu que eu siga
A tua religião
Se na boca trazes Deus
O Diabo no coração

Tantas promessas já temos
P'ra pôr termo aos nossos ais
Mais promessas já não queremos
São já promessas a mais

Vivo... mas, sem ter vivido
No mundo p'ra se viver
Já tarde compreendi
Que é preciso aprender

Aldrabas e batentes

Setúbal

domingo, 19 de dezembro de 2010

José Vicente

Soltas

Enquanto existir maldade
Enquanto houver avareza
Amor próprio egoísmo
Não há pura liberdade
Não findará a pobreza
Não haverá socialismo

Do ventre d'uma mulher
No final de nove meses
Nasce um ser já construido
É triste ter que dizer:
-Mais valia certas vezes
Certo ser não ter nascido

sábado, 18 de dezembro de 2010

José Vicente

Segundos de vida

Quem veio ao mundo e morreu
No momento de nascido
Foi belo o destino seu
Foi feliz em ter morrido

Foi alguém que existiu
Que o mundo não conheceu
Um ser que ao chegar, partiu
Não fez sofrer nem sofreu

Não viu o mundo tão belo
Tanta beleza que há
Nem conheceu o flagelo
D'uma sociedade má

Foi vela que se apagou
Após se ter acendido
E após se arrecadou
Com tão poucochinho ardido

Aldrabas e batentes

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

José Vicente

Soltas

Com a força da vontade
Com a razão, com o querer
A ânsia da Liberdade
Tem mais força que o poder

Muita gente, tanta gente
Se diz s'tar mentalizada
E mostra constantemente
Mentalidade falhada

Um mundo que causa horror
Com guerras constantemente
Seria um mundo melhor
Se o homem fosse diferente

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

José Vicente

Morreu o ti Zé Vicente
Qualquer dia é voz geral
Já não faz versos à gente
Nem do mundo já diz mal

José Vicente nasceu em 1907 no Barreiro, passando a residir na Baixa da Banheira em 1941. Teve por profissão operário corticeiro mas também pescador, A sua instrução não passou da antiga 3ª. classe. Muito próximo da sua morte escreveu a quadra, acima, que constitui o seu próprio epitáfio.

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Joaquim Vicente Vedor Paulino

Poema à Baixa da Banheira

Terra de tantas culturas,
nas horas calmas e duras,
há muita ponderação.
Está sempre tudo à "maneira"
sendo a Baixa da Banheira
terra da minha paixão.

A noite é doce e terna,
oiço cantar na taberna, 
o Alentejo querido,
fico sempre emocionado,
o coração destroçado,
abandonado e esquecido.

Baixa da Banheira é terra,
cujo coração encerra,
e ternura desmedida.
Há pureza no olhar,
há amizade no ar,
nesta terra tão querida.

Tem o seu lado obscuro,
no seu recanto mais escuro,
que conspurca a madrugada.
A droga escondida espreita,
e o povo nem suspeita,
como vive amargurada.

Nas noites quentes de verão,
há motivos e razão,
que nunca sendo demais,
junta grupos de pessoas,
sinceras, puras e boas,
conversando nos poiais.

As ruas são apinhadas,
as conversas variadas,
tal como o trigo na eira.
É uma terra de cultura,
a honestidade perdura,
nesta Baixa da Banheira.

Se eu chegar a ser velhinho,
quero sentir o carinho
e ter o doce prazer,
de um dia sem esperar,
a morte me visitar
e aqui poder morrer.

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Joaquim Vicente Vedor Paulino

Sou o que quiseres

Sou um barco, uma gaivota,
Sou mar e algas marinhas.
Sou ninfa, sereia e brisa
e da areia as pedrinhas.

Sou o sal das tuas lágrimas,
o riso no teu olhar,
sou o sol e sou as vagas,
trovoada e temporal.

Sou a noite, sou o dia,
sou também a madrugada.
Sou a tristeza, a alegria,
duma alma amargurada.

Sou o coração destroçado,
que deambula perdido,
o sangue amargo e viscoso,
dum velho corpo esquecido.

Sou a pedra no sapato,
sou a surpresa embrulhada,
sou o grito desesperado,
que atravessa a madrugada.

Sou o pássaro ferido,
sou um corpo a flutuar;
sou uma ilha pequena
perdida no meio do mar.

Sou a arte onde tu tocas
e te toca o coração.
Sou a luz que ilumina,
toda a tua escuridão.

Serei tudo o que tu quiseres,
tudo o que te der prazer,
a força que vem de ti,
é que me ajuda a viver.

domingo, 12 de dezembro de 2010

Joaquim Vicente Vedor Paulino

Amigo

Amigo.
Em ti utilizo
a palavra na sua verdadeira
acepção,
és muito mais que um amigo,
és um irmão.
És um emaranhado
de virtudes
e qualidades,
adjectivos esses
que são
realidades.
Tens sempre na vida,
um sorriso, um apoio,
uma mão,
que dás gratuitamente,
sem contrapartida
e sem razão.
És puro,
és inocente,
és seguro
e permanebte.
És o amigo
que toda a gente
gostaria de ter,
o amigo que na vida,
ninguém consegue esquecer.

És sincero,
és verdadeiro
e na aflição
o primeiro
quando apoias,
quem precisa,
com tua opinião,
nessa "força" que te vem
de dentro do coração.
És quase uma utopia
e por mais que te observe,
nunca hei-de ver em ti,
maldade ou hipocrisia.
Espero que a vida
me poupe,
nunca me dê o castigo,
de algum dia me roubar
este verdadeiro
amigo.

sábado, 11 de dezembro de 2010

Joaquim Vicente Vedor Paulino

Quando eu morrer

Quando eu morrer não quero choros,
nem gritos desesperados.
Não quero luto, nem flores,
nem rostos amargurados.

Quero sorrisos bonitos,
gostava de ter enfim,
a famílias e os amigos,
num último adeus para mim

Gostava que alguém lesse, 
algo da minha poesia
e que houvesse no momento
qualquer coisa de magia.

Alguém falasse de mim,
não usando hipocrisia,
pois as pessoas na morte,
recorrem à fantasia

Gostava de ser cremado,
sentir o corpo a arder
e das cinzas da cremação,
ver o espírito renascer.

Gostaria de sentir,
que a vida não foi em vão,
que ao "passar" toquei também,
um ou outro coração.

Toda esta divagação,
não terá razão de ser,
se eu chegar a ser velho,
na altura de morrer.

Aí haverá alívio,
"o melhor aconteceu;
era um velho simpático,
graças a Deus já morreu."

E não haverá poesia,
nem lágrimas, nem sofrer,
um corpo jogado à terra,
para nela apodrecer.

Natural de Ermidas do Sado, onde nasceu em 1956, filho do poeta popular alentejano António Paulino, reside na Baixa da Banheira. É profissional de contabilidade.

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Joaquim Vicente Vedor Paulino

Desencanto

Pelas ruas deambulando
vejo pessoas chorando,
por um pedaço de pão.
O povo sofre baixinho,
sempre à espera de um carinho,
que lhe alegre o coração.

Lá em cima no "poder"
ninguém vê o seu sofrer
e nem a sua aflição.
Vivem orgias secretas
e as suas descobertas
na mesa não põem pão.

Vejo olhares desencantados,
passos incertos, desordenados,
que o chão tenta acarinhar.
Alguns, com almas feridas,
põem termo às suas Vidas,
para assim as melhorar.

Tantas promessas falhadas,
tantas frases decoradas,
tantos discursos perdidos.
Nos olhos já não há esperança
e nem sequer a bonança,
dos bons tempos esquecidos.

O povo é manipulado,
dócilmente bajulado,
em tempo de eleições.
Mas as coisas pouco mudam
e as promessas se desnudam,
em consequentes leilões.

Nas suas leviandades,
vendem-se identidades,
assegurando o poder.
Tudo fazem por dinheiro
e este nosso povo ordeiro
que não pára de sofrer.

Talvez um dia, quem sabe,
o nosso tormento acabe
na mais bonita ilusão
e o povo possa acordar,
para assim poder cantar,
uma bonita canção.

(Este poema, editado em 1997, está hoje pleno de actualidade!)

Por do sol visto do terminal ferrofluvial do Barreiro

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Jacinto José Carlos Guerreiro

Vaidade

O cantar alentejano
tem o seu quê de vaidoso
ao juntar na mesma moda
Homem velho e rapaz novo

Homem velho rapaz novo
a cantar de mano a mano
tem o seu quê de vaidoso
o cantar alentejano

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Jacinto José Carlos Guerreiro

Relíquias

Na ex-tasca do Arranha
Uma casinha modesta
Fica a capela do fado
Canta-se o fado com gana
Refúgio de gente honesta
A lembrar tempo passado

Quando a noite se vislumbra
Fica a capela em penumbra
Ao gosto de cantador
E em sestilhas magoadas
Recordam-se antiga quadras
Restos de outros amores

Peixe frito e bacalhau
Um sorriso de mulher
Esta vida é mesmo assim
Vinho a dar com um pau
Regalo para um qualquer
Ouvir cantar o Joaquim

Milhentas recordações
Perfiladas lado a lado
Lembram passado e presente
São elas os guardiões
P'ra que a capela do fado
Seja fado p'ra toda a gente

Aldrabas e batentes

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Jacinto José Carlos Guerreiro

Negrume

Vestiu-se de pássaro negro
E chegou junto aos pombais
Levou o Victor Ventura, o velho Brito
E outros mais...

Há quem lhe chame Mãe Negra
Mas de um negro que só lembra
Noite treva e escuridão
Se é mãe, é mãe de desgraça
Pois sempre que ela passa
Semeia desolação

Ó morte! maldita morte!
Se tu pensas conseguir
Destruir tanta amizade
Não te auguro qualquer sorte
Porque os pombos ao voar
Trazem e levam saudade.

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Jacinto José Carlos Guerreiro

Distracção

Uma rã
Muito lampeira
Diz p'ra um sapo vaidoso
Arranja-me lá maneira
De ter um futuro airoso

Apanhado de surpresa
Pobre sapo presunçoso
Diz com alguma incerteza
Que o futuro está manhoso

E, enquanto o mundo acordava
Pelo raiar da manhã
Uma cobra que passava
Come o sapo e papa a rã

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Jacinto José Carlos Guerreiro

Guinéus

Mamadu Baldé
Mamadu Jaló
Um é filho de mãe fula
Outro de pai bijagó

Mamadu que foi à guerra
Lá na terra da Guiné
Com um outro Mamadu
Que era filho de papel

Mamadu comeu Bianda
E dormiu junto ao Mansôa
Namorou filha de Tander
E sonhou vir a Lisboa

Mas num caminho apertado
Mamadu tem de passar
Barafusta vai zangado
Não vê fio de tropeçar

Nota: fula, bijagó e papel, são três das muitas etnias da Guiné