Têm vindo a ser publicados neste espaço alguns dos poetas incluídos em Poetas nossos munícipes, editado pela Câmara Municipal da Moita. Terminado este ciclo, vou destacar alguns aspectos que me perecem interessantes, e desde logo um traço quase comum a todos, que é o seu envolvimento na vida associativa local.
Grande parte, são originários de regiões rurais do interior, com destaque para o Alentejo. São, em geral, trabalhadores que cedo se fixaram no concelho de Moita, em busca de trabalho.A Península de Setúbal era atractiva, pois aqui se situavam importantes unidades industriais: a CUF e as Oficinas da CP no Barreiro, a Siderurgia Nacional no Seixal, a Lisnave em Almada, a Setenave em Setúbal, para além de um vastíssimo leque de pequenas e médias empresas de sectores como a metalurgia pesada e ligeira, corticeiro, electrónica, confecções e vestuário e ainda uma construção civil em grande expansão.
Na obra destes poetas é muito vincada a sua identidade de classe, a expressão dos valores da fraternidade, da solidariedade, da liberdade, da justiça social, da defesa da Paz e condenação da guerra. Não surpreende por isso a sua participação activa e militante no Associativismo e, depois do 25 de Abril, nos vários Orgãos do Poder Local Democrático.
A propósito, vale a pena referir a forte tradição, riqueza e diversidade do Movimento Associativismo no concelho de Moita. Com efeito, num inventário relativamente recente foram identificadas 124 Colectividades, Clubes, Associações, Cooperativas, que abarcam todas as áreas da vida em sociedade: Cultura, Desporto, Amizade, Convívio, Solidariedade, Intervenção Cívica. A sua expressão por Freguesia é a seguinte: Alhos Vedros, 35; Baixa da Banheira, 31; Gaio/Rosário, 5; Moita, 34; Sarilhos Pequenos, 6; Vale da Amoreira, 13.
Os seus versos, percebendo-se as sua raízes, as suas origens, são claramente uma poesia popular urbana em que os seus autores, em muitos casos, procuram a inovação para reflectirem a realidade em que estão inseridos.
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