sábado, 11 de dezembro de 2010

Joaquim Vicente Vedor Paulino

Quando eu morrer

Quando eu morrer não quero choros,
nem gritos desesperados.
Não quero luto, nem flores,
nem rostos amargurados.

Quero sorrisos bonitos,
gostava de ter enfim,
a famílias e os amigos,
num último adeus para mim

Gostava que alguém lesse, 
algo da minha poesia
e que houvesse no momento
qualquer coisa de magia.

Alguém falasse de mim,
não usando hipocrisia,
pois as pessoas na morte,
recorrem à fantasia

Gostava de ser cremado,
sentir o corpo a arder
e das cinzas da cremação,
ver o espírito renascer.

Gostaria de sentir,
que a vida não foi em vão,
que ao "passar" toquei também,
um ou outro coração.

Toda esta divagação,
não terá razão de ser,
se eu chegar a ser velho,
na altura de morrer.

Aí haverá alívio,
"o melhor aconteceu;
era um velho simpático,
graças a Deus já morreu."

E não haverá poesia,
nem lágrimas, nem sofrer,
um corpo jogado à terra,
para nela apodrecer.

Natural de Ermidas do Sado, onde nasceu em 1956, filho do poeta popular alentejano António Paulino, reside na Baixa da Banheira. É profissional de contabilidade.

Sem comentários:

Enviar um comentário