Quando eu morrer
Quando eu morrer não quero choros,
nem gritos desesperados.
Não quero luto, nem flores,
nem rostos amargurados.
Quero sorrisos bonitos,
gostava de ter enfim,
a famílias e os amigos,
num último adeus para mim
Gostava que alguém lesse,
algo da minha poesia
e que houvesse no momento
qualquer coisa de magia.
Alguém falasse de mim,
não usando hipocrisia,
pois as pessoas na morte,
recorrem à fantasia
Gostava de ser cremado,
sentir o corpo a arder
e das cinzas da cremação,
ver o espírito renascer.
Gostaria de sentir,
que a vida não foi em vão,
que ao "passar" toquei também,
um ou outro coração.
Toda esta divagação,
não terá razão de ser,
se eu chegar a ser velho,
na altura de morrer.
Aí haverá alívio,
"o melhor aconteceu;
era um velho simpático,
graças a Deus já morreu."
E não haverá poesia,
nem lágrimas, nem sofrer,
um corpo jogado à terra,
para nela apodrecer.
Natural de Ermidas do Sado, onde nasceu em 1956, filho do poeta popular alentejano António Paulino, reside na Baixa da Banheira. É profissional de contabilidade.
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