domingo, 20 de fevereiro de 2011

Francisco Miguel

Soltas

A vida tem um canal
onde passam sentimentos
desejos e pensamentos
que vão do bem para o mal.

Que diga, pois, quem trabalha
se a coisa assim pode ser
se se rompe uma muralha
apenas com simples querer.

Traz o Outono a tristeza
talvez mais do que o Inverno
mais nos persegue a frieza
vive-se aqui no inferno.

O chão coberto de folhas
tudo está muito mudado
Portugal é rico em folhas
quando o povo é "insultado".

Francisco Miguel Duarte é uma lenda da luta contra a tirania Salazarista. O jovem sapateiro  (ele, espirituosamente, dizia manipulador de calçado) de Baleizão, cedo na sua vida tomou partido pelos explorados e oprimidos. "pagou" cara a sua ousadia, pois acabou por passar longos anos nas prisões da PIDE. Foi um destacado quadro do PCP, o seu partido de sempre. Nascido em 1907, viria a falecer em 1988. Lutou na clandestinidade até ao 25 de Abril de 1974. Conheceu as prisões do Aljube, Caxias, Porto Peniche e o campo de concentração do Tarrafal. Preso várias vezes, sempre se evadiu, excepto numa dessas vezes. Participou nas duas mais audaciosas fugas que fizeram tremer o regime fascista, a fuga do forte de Peniche com mais nove outros presos entre os quais Álvaro Cunhal, e a fuga do forte de Caxias com outros sete presos usando para a fuga o automóvel blindado de Salazar.
Deixou-nos, para além do seu grande exemplo de cidadão, alguns livros, um dos quais o pequeno livro de poemas - Rosas Antigas - em que discorre sobre o amor e a vida, sobre a liberdade e a emancipação do ser humano.






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