domingo, 27 de novembro de 2011
sexta-feira, 25 de novembro de 2011
Manuel Luis de Jesus Beja
Quadras à liberdade
Minha mãe p'ra me embalar,
Falava de liberdade.
Sou feliz ao recordar!
Recordo cheio de saudade!
Liberdade é como a paz!
Me dizia, meu amor,
Ao ver a falta que faz,
É que lhe damos valor.
Faz tudo p'rá não perder!
Liberdade é tua espada!
Antes lutar e morrer,
Do que sofrer pela calada.
Também se luta a cantar,
Não se canta só às flores!
Cantaram para lutar,
Muitos plebeus e doutores!
Meu filho não vás esquecer,
Este nobre ensinamento!
E quando um dia eu morrer,
Lança as sementes ao vento!
Minha mãe p'ra me embalar,
Falava de liberdade.
Sou feliz ao recordar!
Recordo cheio de saudade!
Liberdade é como a paz!
Me dizia, meu amor,
Ao ver a falta que faz,
É que lhe damos valor.
Faz tudo p'rá não perder!
Liberdade é tua espada!
Antes lutar e morrer,
Do que sofrer pela calada.
Também se luta a cantar,
Não se canta só às flores!
Cantaram para lutar,
Muitos plebeus e doutores!
Meu filho não vás esquecer,
Este nobre ensinamento!
E quando um dia eu morrer,
Lança as sementes ao vento!
quinta-feira, 17 de novembro de 2011
Martinha Marques Fernandes Fatia
Criar
Criar é um sentido diferente
Que nos sai das entranhas
É ver beleza nas formas mais estranhas
De uma pedra fazer uma estrela cadente
É amar a natureza, a luz, o sol poente
Sentirmo-nos até alta montanha
Com o seu fascínio a sua força estranha
É saber descrever este sentir a toda a gente
É imaginar que temos imaginação
Para fazermos da vida
A nossa obra e criação
É pormos em tudo o que fazemos
Beleza carinho e verdade
Muito amor e emoção
Criar é um sentido diferente
Que nos sai das entranhas
É ver beleza nas formas mais estranhas
De uma pedra fazer uma estrela cadente
É amar a natureza, a luz, o sol poente
Sentirmo-nos até alta montanha
Com o seu fascínio a sua força estranha
É saber descrever este sentir a toda a gente
É imaginar que temos imaginação
Para fazermos da vida
A nossa obra e criação
É pormos em tudo o que fazemos
Beleza carinho e verdade
Muito amor e emoção
segunda-feira, 7 de novembro de 2011
Manuel da Fonseca - 100 anos
Canção de maltês
Bati à porta do monte
porque sou um deserdado.
E chovia nessa noite
como se o céu fosse um mar
entornando-se na terra.
- Quem abre a porta a desoras
morando num descampado?
E continha o rafeiro que ladrava,
na ponta do meu cajado.
Mas veio abri-la o lavrador
com a espingarda na mão,
e pôs um olhar altivo
tão no fundo dos meus olhos
que as minhas primeiras falas
foram assim naturais:
- guarde a espingarda, senhor,
sou um homem sem trabalho.
Fui secar-me à lareira.
E a filha do lavrador,
que era uma moça perfeita,
ficou a olhar de gosto
a minha manta rasgada
e o meu fato de maltês.
E com licença do pai,
estendeu-me um canto de pão
com azeitonas maduras.
Não aceitei como esmola;
antes roubar que pedir;
paguei com a melhor história
da minha vida sem rumo.
Foi uma paga de rei.
Prá filha do lavrador
tinha muito mais valia
a história que lhe contei
que o trigo do seu celeiro,
pois estava a olhar de gosto
a minha manta rasgada.
E quando o fogo na lareira
ia aos poucos esmorecendo
agradeci como é de uso;
despedi-me até mais ver
e fui dormir pró palheiro
que é palácio de maltês.
Despedi-me até mais ver
que a gente da minha raça
mal o Sol tenta nascer
ergue-se e parte pelo mundo
sem se lembrar de ninguém.
Assim me deitei ao canto
a esperar pela manhã.
sexta-feira, 4 de novembro de 2011
Manuel da Fonseca - 100 anos
Tejo que levas as águas
Tejo que levas as águas
correndo de par em par
lava a cidade de mágoas
leva as mágoas para o mar
Lava-a de crimes espantos
de roubos, fomes, terrores,
lava a cidade de quantos
do ódio fingem amores
Leva nas águas as grades
de aço e silêncio forjadas
deixa soltar-se a verdade
das bocas amordaçadas
Lava bancos e empresas
dos comedores de dinheiro
que dos salários de tristeza
arrecadam lucro inteiro
Lava palácios vivendas
casebres bairros da lata
leva negócios e rendas
que a uns farta e a outros mata
Tejo que levas as águas
correndo de par em par
lava a cidade de mágoas
leva as mágoas para o mar
Lava avenidas de vícios
vielas de amores venais
lava albergues e hospícios
cadeias e hospitais
Afoga empenhos favores
vãs glórias, ocas palmas
leva o poder dos senhores
que compram corpos e almas
Leva nas águas as grades ...
Das camas de amor comprado
desata abraços de lodo
rostos corpos destroçados
lava-os com sal e iodo
Tejo que levas as águas
correndo de par em par
lava a cidade de mágoas
leva as mágoas para o mar.
Tejo que levas as águas
correndo de par em par
lava a cidade de mágoas
leva as mágoas para o mar
Lava-a de crimes espantos
de roubos, fomes, terrores,
lava a cidade de quantos
do ódio fingem amores
Leva nas águas as grades
de aço e silêncio forjadas
deixa soltar-se a verdade
das bocas amordaçadas
Lava bancos e empresas
dos comedores de dinheiro
que dos salários de tristeza
arrecadam lucro inteiro
Lava palácios vivendas
casebres bairros da lata
leva negócios e rendas
que a uns farta e a outros mata
Tejo que levas as águas
correndo de par em par
lava a cidade de mágoas
leva as mágoas para o mar
Lava avenidas de vícios
vielas de amores venais
lava albergues e hospícios
cadeias e hospitais
Afoga empenhos favores
vãs glórias, ocas palmas
leva o poder dos senhores
que compram corpos e almas
Leva nas águas as grades ...
Das camas de amor comprado
desata abraços de lodo
rostos corpos destroçados
lava-os com sal e iodo
Tejo que levas as águas
correndo de par em par
lava a cidade de mágoas
leva as mágoas para o mar.
quinta-feira, 3 de novembro de 2011
Manuel da Fonseca - 100 anos
Tu e Eu Meu Amor
Tu e eu meu amor
meu amor eu e tu
que o amor meu amor
é o nu contra o nu.
Nua a mão que segura
outra mão que lhe é dada
nua a suave ternura
na face apaixonada
nua a estrela mais pura
nos olhos da amada
nua a ânsia insegura
de uma boca beijada.
Tu e eu meu amor
meu amor eu e tu
que o amor meu amor
é o nu contra o nu.
Nu o riso e o prazer
como é nua a sentida
lágrima de não ver
na face dolorida
nu o corpo do ser
na hora prometida
meu amor que ao nascer
nus viemos à vida.
Tu e eu meu amor
meu amor eu e tu
que o amor meu amor
é o nu contra o nu.
Nua nua a verdade
tão forte no criar
adulta humanidade
nu o querer e o lutar
dia a dia pelo que há-de
os homens libertar
amor que a eternidade
é ser livre e amar.
Tu e eu meu amor
meu amor eu e tu
que o amor meu amor
é o nu contra o nu.
Manuel da Fonseca, in "Poemas para Adriano"
meu amor eu e tu
que o amor meu amor
é o nu contra o nu.
Nua a mão que segura
outra mão que lhe é dada
nua a suave ternura
na face apaixonada
nua a estrela mais pura
nos olhos da amada
nua a ânsia insegura
de uma boca beijada.
Tu e eu meu amor
meu amor eu e tu
que o amor meu amor
é o nu contra o nu.
Nu o riso e o prazer
como é nua a sentida
lágrima de não ver
na face dolorida
nu o corpo do ser
na hora prometida
meu amor que ao nascer
nus viemos à vida.
Tu e eu meu amor
meu amor eu e tu
que o amor meu amor
é o nu contra o nu.
Nua nua a verdade
tão forte no criar
adulta humanidade
nu o querer e o lutar
dia a dia pelo que há-de
os homens libertar
amor que a eternidade
é ser livre e amar.
Tu e eu meu amor
meu amor eu e tu
que o amor meu amor
é o nu contra o nu.
Manuel da Fonseca, in "Poemas para Adriano"
terça-feira, 1 de novembro de 2011
Manuel da Fonseca - 100 anos!
Dona Abastança
«A caridade é amor»
Proclama dona Abastança
Esposa do comendador
Senhor da alta finança.
Família necessitada
A boa senhora acode
Pouco a uns a outros nada
«Dar a todos não se pode.»
Já se deixa ver
Que não pode ser
Quem
O que tem
Dá a pedir vem.
O bem da bolsa lhes sai
E sai caro fazer o bem
Ela dá ele subtrai
Fazem como lhes convém
Ela aos pobres dá uns cobres
Ele incansável lá vai
Com o que tira a quem não tem
Fazendo mais e mais pobres.
Já se deixa ver
Que não pode ser
Dar
Sem ter
E ter sem tirar.
Todo o que milhões furtou
Sempre ao bem-fazer foi dado
Pouco custa a quem roubou
Dar pouco a quem foi roubado.
Oh engano sempre novo
De tão estranha caridade
Feita com dinheiro do povo
Ao povo desta cidade.
Manuel da Fonseca, in "Poemas para Adriano"
Proclama dona Abastança
Esposa do comendador
Senhor da alta finança.
Família necessitada
A boa senhora acode
Pouco a uns a outros nada
«Dar a todos não se pode.»
Já se deixa ver
Que não pode ser
Quem
O que tem
Dá a pedir vem.
O bem da bolsa lhes sai
E sai caro fazer o bem
Ela dá ele subtrai
Fazem como lhes convém
Ela aos pobres dá uns cobres
Ele incansável lá vai
Com o que tira a quem não tem
Fazendo mais e mais pobres.
Já se deixa ver
Que não pode ser
Dar
Sem ter
E ter sem tirar.
Todo o que milhões furtou
Sempre ao bem-fazer foi dado
Pouco custa a quem roubou
Dar pouco a quem foi roubado.
Oh engano sempre novo
De tão estranha caridade
Feita com dinheiro do povo
Ao povo desta cidade.
Manuel da Fonseca, in "Poemas para Adriano"
Vitor Moinhos
As histórias da Marta
À volta de uma lareira
Marta com o seu encanto
Canta-nos à sua maneira
Histórias em forma de canto.
Coisas belas de pasmar
Umas alegres, outras não
De homens que morrem a lutar
Pela verdade e pela razão.
De homens que não regressam
Da batalha, contra a guerra,
Culatras que nos arremessam
À luta pela paz na terra.
Não te vás agora Marta
A noite ainda é uma criança,
És para nós como uma carta
Que nos traz um pouco de esperança.
Gosto de sentir a tua voz
Contando histórias de heróis
Que um dia morreram por nós
E que hoje são nossos faróis.
À volta de uma lareira
Marta com o seu encanto
Canta-nos à sua maneira
Histórias em forma de canto.
Coisas belas de pasmar
Umas alegres, outras não
De homens que morrem a lutar
Pela verdade e pela razão.
De homens que não regressam
Da batalha, contra a guerra,
Culatras que nos arremessam
À luta pela paz na terra.
Não te vás agora Marta
A noite ainda é uma criança,
És para nós como uma carta
Que nos traz um pouco de esperança.
Gosto de sentir a tua voz
Contando histórias de heróis
Que um dia morreram por nós
E que hoje são nossos faróis.
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