Hoje, ao nascer do sol, de manhãzinha,
ouvi cantar um galo num quintal
quando eu tinha seis anos e fui passar as férias do Natal
com a minha madrinha.
(...)
Foi então que o tal galo cantou.
Loooooooge...
Muito loooooooge...
no quintal da vizinha,
lá para o fim do mundo mesmo ao lado da casa da minha madrinha.
(...)
sábado, 31 de dezembro de 2011
Amália - Com que voz
Luís Camões - Alain Oulman
Com que voz chorarei meu triste fado,
que em tão dura paixão me sepultou.
Que mor não seja a dor que me deixou
o tempo, de meu bem desenganado.
Mas chorar não estima neste estado
aonde suspirar nunca aproveitou.
Triste quero viver, pois se mudou
em tristeza a alegria do passado.
Assim a vida passo descontente,
ao som nesta prisão do grilhão duro
que lastima ao pé que a sofre e sente.
De tanto mal, a causa é amor puro,
devido a quem de mim tenho ausente,
por quem a vida e bens dele aventuro.
Com que voz chorarei meu triste fado,
que em tão dura paixão me sepultou.
Que mor não seja a dor que me deixou
o tempo, de meu bem desenganado.
Mas chorar não estima neste estado
aonde suspirar nunca aproveitou.
Triste quero viver, pois se mudou
em tristeza a alegria do passado.
Assim a vida passo descontente,
ao som nesta prisão do grilhão duro
que lastima ao pé que a sofre e sente.
De tanto mal, a causa é amor puro,
devido a quem de mim tenho ausente,
por quem a vida e bens dele aventuro.
sexta-feira, 30 de dezembro de 2011
José Carlos Ary dos Santos
Erros nossos não são de toda a gente
Tropeçamos às vezes na entrega
Mas retomamos sempre a marcha em frente
Massa humana que nada desagrega.
Para nós o passado e o presente
São futuro no qual o povo pega
Com suas mãos de luz incandescente
Que aquece que deslumbra mas não cega.
Para nós não há tempo. O tempo é vento
Soprando ano após ano sobre a história
Que para nós é vida e não memória.
Por isso é que no tempo em movimento
Cada ano que passa é menos tempo
Para chegar ao tempo da vitória
Tropeçamos às vezes na entrega
Mas retomamos sempre a marcha em frente
Massa humana que nada desagrega.
Para nós o passado e o presente
São futuro no qual o povo pega
Com suas mãos de luz incandescente
Que aquece que deslumbra mas não cega.
Para nós não há tempo. O tempo é vento
Soprando ano após ano sobre a história
Que para nós é vida e não memória.
Por isso é que no tempo em movimento
Cada ano que passa é menos tempo
Para chegar ao tempo da vitória
quinta-feira, 29 de dezembro de 2011
Mahmoud Darwich
Confissão de um terrorista!
Ocuparam a minha pátria
Expulsaram meu povo
Anularam minha identidade
E me chamaram de terrorista
Confiscaram minha propriedade
Arrancaram meu pomar
Demoliram minha casa
E me chamaram de terrorista
Legislaram leis fascistas
Praticaram odiada apartheid
Destruíram, dividiram, humilharam
E me chamaram de terrorista
Assassinaram minhas alegrias,
Sequestraram minhas esperanças,
Algemaram meus sonhos,
Quando recusei todas as barbáries
Eles... mataram um terrorista!
Ocuparam a minha pátria
Expulsaram meu povo
Anularam minha identidade
E me chamaram de terrorista
Confiscaram minha propriedade
Arrancaram meu pomar
Demoliram minha casa
E me chamaram de terrorista
Legislaram leis fascistas
Praticaram odiada apartheid
Destruíram, dividiram, humilharam
E me chamaram de terrorista
Assassinaram minhas alegrias,
Sequestraram minhas esperanças,
Algemaram meus sonhos,
Quando recusei todas as barbáries
Eles... mataram um terrorista!
sexta-feira, 16 de dezembro de 2011
0 Calafate e a implantação da República
Ao longo do ano de 2011 tiveram lugar inúmeras iniciativas que assinalaram o centenário da implantação da República, acontecimento marcante do século XX português.
Em Setúbal, por iniciativa da Câmara Municipal, foi organizada, na biblioteca municipal, uma exposição (encerra dia 17/12/11) sobre o poeta popular sadino António Maria Eusébio, o Calafate. Nessa exposição, que assinala também o centenário da morte do nosso cantador, estão presentes folhetos originais (os quais eram vendidos pelo próprio, cuja receita constítuia o seu sustento) de poemas/décimas do mestre Calafate relativos aos acontecimentos da revolução republicana. Dessas décimas, publicamos aqui alguns motes:
Vai-te embora monarquia
vai p'rá Rússia ou p'ró Japão
tu aqui já não tens nada
o que resta é a nação.
Monarquia estás perdida
o teu poder acabou
quem te deitou a perder
foi alguém que te enganou.
Adeus velha monarquia
dá-me teu despedimento
fico cá eu p'ra fazer
o meu agradecimento.
Adeus velho Portugal
já nunca mais te verei
não te lembres mais de mim
que eu já cá não voltarei.
Ó velho não tenhas medo
a ti ninguém te faz mal
que não esperavas ver
a República de Portugal.
Meu antigo senhorio
O seu partido morreu,
Quem mandava era o patrão
Agora governo eu.
domingo, 4 de dezembro de 2011
Alves Redol - 100 anos
Quadras
Se me vires de pau e manta,
não cuides que sou pastor:
sou da vila de Samora,
das Lezirias guardador.
(Samora Correia)
Não m'importo ser soldado,
contando que o batalhão
traga sempre na bandeira
bordado o teu coração.
(Benavente)
O meu amor disse à mãe
que me havia de deixar.
Agora deixo-o eu;
tome lá, vá-se gabar!
(Samora Correia)
Leonel Eusébio Coelho
Medos
Já passei por grandes
Dificuldades, mas
A maior parte delas
Nunca existiram.
Vivemos apavorados
e dominados por
Inúmeros medos
Os medos passados
Os presentes e os
Que ainda estão para
Vir.
"Não sou capaz de ganhar
Este desafio"
Não posso perder este
Desafio, mas se tal acontecer
Terei sempre aprendido alguma
Coisa se apesar da derrota
Me tiver empenhado seriamente.
Já passei por grandes
Dificuldades, mas
A maior parte delas
Nunca existiram.
Vivemos apavorados
e dominados por
Inúmeros medos
Os medos passados
Os presentes e os
Que ainda estão para
Vir.
"Não sou capaz de ganhar
Este desafio"
Não posso perder este
Desafio, mas se tal acontecer
Terei sempre aprendido alguma
Coisa se apesar da derrota
Me tiver empenhado seriamente.
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