terça-feira, 20 de novembro de 2012

Francisco Pratas

Eu e o Aleixo

Parte da minha poesia
Gira em torno dum eixo:
Dar luta à hipocrisia
Fazendo jus ao Aleixo.

Não versarei convincente
Como o artista algarvio
Mas sinto como ele sentiu
As dores da pobre gente,
Dói-lhe a pilhagem indecente
Aos haveres de quem os cria,
Daí, a minha energia
Na denúncia dos velhacos,
Pondo ao serviço dos fracos
Parte da minha poesia.

Sou naturalmente assim
E ando cá nesta lida
Com a moral acrescida
De não querer nada para mim.
Só almejo pôr um fim
À indiferença e desleixo
Dos que, à sombra dum freixo
Sugam o mel à colmeia
Enquanto a dor alheia
Gira em torno dum eixo.

Não rimo só por rimar,
Ponho sempre uma mensagem
No dorso duma aragem
Que a possa transportar,
Que ela logre despertar
A consciência arredia
Ou vencer a abulia
Do povo triste e descrente
Porque é muito premente
Dar luta à hipocrisia.

Bem sei das dificuldades
De enfrentar o SISTEMA,
Mas a força dum poema
Pode congregar vontades:
Depois, há realidades
Como com um sorriso seixo
David quebrou o queixo
E o poder de Golias,
Uso estas alegorias
Fazendo jus ao Aleixo.

Em O Canto dos Poetas

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