Encheram o Alentejo
De Guardas Republicanos
Para que não se produza
Nesta terra alentejana.
Depois das terras desbravadas
Em fase de produção
À força de repressão
São de novo abandonadas
As searas não são ceifadas
Que destruir é seu desejo
Em busca dum privilégio
Vão os campos devastá-los
Homens, jipes e cavalos
Encheram o Alentejo.,
As patrulhas a rondar
Em volta dos camponeses
São métodos portugueses
Do tempo do Salazar
Reprimir para mostrar
Sua força soberana
Uma política desumana
Emprega-se em quem trabalha
Com cães, armas e metralhas
E Guarda Republicana.
Devolve-se a terra ao mato
A fome aos trabalhadores
Dá-se o gado aos lavradores
Para vender ao desbarato
Tudo isto é um retrato
Daquilo que aqui se usa
O povo tanto recusa
Quer as terras semear
Mas há alguém a evitar
Para que não se produza.
Falando em democracia
Rouba-se a tantos o pão
Dá-se o dinheiro aos que estão
Na mais alta burguesia
O povo que não sabia
Se quiser jamais se engana
Sete dias por semana
Andam as forças da ordem
A provocar a desordem
Nesta terra alentejana.
quarta-feira, 13 de janeiro de 2010
domingo, 10 de janeiro de 2010
Manuel António Pereira (Manel Papeleiro)
Grândola Vila Morena
Bandeira da revolução
É gente firme e serena
Garante o teu brasão.
Foi no teu seio que nasceu
O sonho da liberdade
Mais tarde em realidade
O sonho se converteu
Quando um poeta escreveu
Que o povo é quem mais ordena
És uma terra pequena
Mas grande em calor humano
És o hino alentejano
Grândola Vila Morena.
Sei que alguém quer humilhar
Brumas da tua memória
Mas dos fracos não reza a história
Não vale a pena tentar
Sempre hás-de ter para lhe dar
Uma palavra, uma lição
És terra de paz e de pão
Amor e fraternidade
Berço da humanidade
Bandeira da revolução.
O teu povo sempre sofreu
Ataques, perseguições
Na hora das decisões
Sempre lutou e venceu
Povo que não se rendeu
Do lutar nunca tem pena
Com a certeza plena
Que sempre há-de vencer na vida
Para jamais ser vencida
A gente firme e serena.
O teu baluarte de defesa
É pão, amor e trabalho
O carinho, o agasalho
Os pilares da fortaleza
Na revolução portuguesa
O teu nome foi o guião
Quer o povo e com razão
Ver bem alto essa bandeira
Com o javali e a azinheira
Garante do teu brasão.
Bandeira da revolução
É gente firme e serena
Garante o teu brasão.
Foi no teu seio que nasceu
O sonho da liberdade
Mais tarde em realidade
O sonho se converteu
Quando um poeta escreveu
Que o povo é quem mais ordena
És uma terra pequena
Mas grande em calor humano
És o hino alentejano
Grândola Vila Morena.
Sei que alguém quer humilhar
Brumas da tua memória
Mas dos fracos não reza a história
Não vale a pena tentar
Sempre hás-de ter para lhe dar
Uma palavra, uma lição
És terra de paz e de pão
Amor e fraternidade
Berço da humanidade
Bandeira da revolução.
O teu povo sempre sofreu
Ataques, perseguições
Na hora das decisões
Sempre lutou e venceu
Povo que não se rendeu
Do lutar nunca tem pena
Com a certeza plena
Que sempre há-de vencer na vida
Para jamais ser vencida
A gente firme e serena.
O teu baluarte de defesa
É pão, amor e trabalho
O carinho, o agasalho
Os pilares da fortaleza
Na revolução portuguesa
O teu nome foi o guião
Quer o povo e com razão
Ver bem alto essa bandeira
Com o javali e a azinheira
Garante do teu brasão.
sábado, 9 de janeiro de 2010
Manuel António Pereira (Manel Papeleiro)
Quando oiço cantar o fado
Faz-me lembrar a Caveira
Onde ouvi o meu pai cantar
Sentado junto à lareira
Quando vejo uma reunião
De amigos e de poetas
Vem o luto como setas
Invadir-me o coração
Recorda-me o meu torrão
O lar onde fui criado
O berço em que fui dentado
Era cheio de poesia
Sinto presa a alegria
Quando oiço cantar o fado.
Onde eu dei os primeiros passos
Recorda-me um velho monte
Minha mãe quando ia à fonte
Levava-me nos seus braços
Punha-me fitas e laços
Compunha-me à sua maneira
Essa mãe aninhadeira
Tanto zelou por seu ninho
Em vendo amor e carinho
Faz-me lembrar a Caveira.
Como um xaile de cadilhos
Era meu pai rodeado
Uns no colo, outros ao lado
Assim elucidou os filhos
Quem seguiu os seus bons trilhos
No mundo não pode errar
Se eu hoje canto é pr'a honrar
O meu pai que faleceu
Mas muito melhor do que eu
Ouvi o meu pai cantar.
Esses tempos amorosos
Que eu gozei na tenra idade
Revelam hoje em saudade
Ao lembrar meus pais extremosos
Momentos deliciosos
Calor da sua braseira
Meu pai, a sua canseira
Ao voltar do seu labor
Era ver os filhos com amor
Sentados junto à lareira.
Faz-me lembrar a Caveira
Onde ouvi o meu pai cantar
Sentado junto à lareira
Quando vejo uma reunião
De amigos e de poetas
Vem o luto como setas
Invadir-me o coração
Recorda-me o meu torrão
O lar onde fui criado
O berço em que fui dentado
Era cheio de poesia
Sinto presa a alegria
Quando oiço cantar o fado.
Onde eu dei os primeiros passos
Recorda-me um velho monte
Minha mãe quando ia à fonte
Levava-me nos seus braços
Punha-me fitas e laços
Compunha-me à sua maneira
Essa mãe aninhadeira
Tanto zelou por seu ninho
Em vendo amor e carinho
Faz-me lembrar a Caveira.
Como um xaile de cadilhos
Era meu pai rodeado
Uns no colo, outros ao lado
Assim elucidou os filhos
Quem seguiu os seus bons trilhos
No mundo não pode errar
Se eu hoje canto é pr'a honrar
O meu pai que faleceu
Mas muito melhor do que eu
Ouvi o meu pai cantar.
Esses tempos amorosos
Que eu gozei na tenra idade
Revelam hoje em saudade
Ao lembrar meus pais extremosos
Momentos deliciosos
Calor da sua braseira
Meu pai, a sua canseira
Ao voltar do seu labor
Era ver os filhos com amor
Sentados junto à lareira.
Estas décimas, estão inseridas no livro "ao POVO do meu PAÍS", edição da Câmara Municipal de Grândola, de 1996.
Manel Papeleiro, natural de Grândola, nasceu em 1918 no Monte da Caveira. Começou a trabalhar aos sete anos de idade, a guardar gado. Foi, depois, trabalhador do campo, mineiro, operário cerâmico, vendedor de peixe, pedreiro e fogueiro. É caso para dizer-se que foi o homem dos sete ofícios! É autor de inúmeros poemas, alguns dos quais estão reunidos no livro acima referido.
Manel Papeleiro, natural de Grândola, nasceu em 1918 no Monte da Caveira. Começou a trabalhar aos sete anos de idade, a guardar gado. Foi, depois, trabalhador do campo, mineiro, operário cerâmico, vendedor de peixe, pedreiro e fogueiro. É caso para dizer-se que foi o homem dos sete ofícios! É autor de inúmeros poemas, alguns dos quais estão reunidos no livro acima referido.
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