A noite do atraso
Numa longa noite de grande trovoada,
onde o escuro era opaco e imponente,
em escassos segundos se via somente,
um caminho, uma viela, uma estrada.
Lá quando a via era vista, visionada,
por um risco breve, efémero e tangente,
que dava esperança, enfim é gente,
de longe se via uma estrela iluminada.
Mas pura e enganosa essa falsa ilusão,
essa luz que nos abandonava e fugia
mais, anunciando sequer causas adiadas.
Interminável e terrível noite de escuridão,
que só o atraso e a crendice favorecia;
cinco ilustres não baniram quatro décadas
quarta-feira, 30 de março de 2011
segunda-feira, 28 de março de 2011
Manuel Coelho
O Povo e a Reza
Todos os povos rezam e oram
devido às suas faltas e carência,
para atingirem a conveniência,
a todos os deuses imploram.
Os dirigentes também exploram.
A miséria, atraso e ignorância,
ficando para si com a abundância,
alguns até no estrangeiro moram.
Eles são sempre espectadores,
não se misturando com os crentes
estes são e serão sempre os actores.
Tiram partido de antigas sementes,
brincando com a fé dos amadores;
pisando sempre e só os inocentes.
Todos os povos rezam e oram
devido às suas faltas e carência,
para atingirem a conveniência,
a todos os deuses imploram.
Os dirigentes também exploram.
A miséria, atraso e ignorância,
ficando para si com a abundância,
alguns até no estrangeiro moram.
Eles são sempre espectadores,
não se misturando com os crentes
estes são e serão sempre os actores.
Tiram partido de antigas sementes,
brincando com a fé dos amadores;
pisando sempre e só os inocentes.
domingo, 27 de março de 2011
Manuel Coelho
A nossa evolução
Os outros primatas não evoluíram,
porque não deixaram documentos,
nem legaram aos outros elementos
e os conhecimentos não transmitiram.
Outros, desde os Sumérios, essa falta sentiram,
por isso deixaram escritos e ensinamentos,
os mais sábios nos legaram pensamentos.
Os homens na longa caminhada prosseguiram.
O livro é sempre fonte de inspiração,
seja qual for o motivo, nos serve de lição
mesmo que não se goste devemos respeitar.
O trabalho que causou toda a procura,
recordemos, toda a sociedade tem censura;
Mas o autor, as barreiras deve contornar.
Os outros primatas não evoluíram,
porque não deixaram documentos,
nem legaram aos outros elementos
e os conhecimentos não transmitiram.
Outros, desde os Sumérios, essa falta sentiram,
por isso deixaram escritos e ensinamentos,
os mais sábios nos legaram pensamentos.
Os homens na longa caminhada prosseguiram.
O livro é sempre fonte de inspiração,
seja qual for o motivo, nos serve de lição
mesmo que não se goste devemos respeitar.
O trabalho que causou toda a procura,
recordemos, toda a sociedade tem censura;
Mas o autor, as barreiras deve contornar.
sábado, 26 de março de 2011
Manuel Coelho
Trabalhador
O rude braço que produz a mais valia
que tudo gera anima e transforma,
desde a rocha aos elementos dá forma,
as medalhas que recebe são aleivosias.
A recompensa é má e sempre tardia,
sem nome é desprezado como é norma,
empresas fantasmas lhe negam a reforma,
sem segurança e, contratos de fantasia.
Para lucros desenfreados e abusivo
não contam idades credos ou cores,
para esses amos abutres, todos servem.
Na Europa não há países comparativos,
aqui as leis do trabalho são as piores,
Mais, ano após ano mais se assumem.
O rude braço que produz a mais valia
que tudo gera anima e transforma,
desde a rocha aos elementos dá forma,
as medalhas que recebe são aleivosias.
A recompensa é má e sempre tardia,
sem nome é desprezado como é norma,
empresas fantasmas lhe negam a reforma,
sem segurança e, contratos de fantasia.
Para lucros desenfreados e abusivo
não contam idades credos ou cores,
para esses amos abutres, todos servem.
Na Europa não há países comparativos,
aqui as leis do trabalho são as piores,
Mais, ano após ano mais se assumem.
Trovas e farpas é a brochura editada em 1999 pelo departamento de acção sócio-cultural/divisão de bibliotecas, da Câmara Municipal da Moita, com poemas de autoria de Manuel Coelho. A brochura é omissa em elementos identificadores do autor.
sexta-feira, 25 de março de 2011
Manuel Coelho
Memórias
Trago tantas lembranças de pequenino,
lembranças essas, que me torturam
elas não morrem nem se procuram,
ficaram bem gravadas, desde menino.
Vi casas sem sorte pelo mau destino,
viúvas de vivos loucas que se mataram,
gente que trabalhando se endividaram
povo escravo, humilde com dor e desatino.
Povo pobre e triste, do grande império,
para onde só iam políticos e desterrados
os senhores de bem, da monástica gente.
Povo de memória curta e sem critério
que ainda fala de heróis enterrados,
tudo isto na minha memória está presente.
Trago tantas lembranças de pequenino,
lembranças essas, que me torturam
elas não morrem nem se procuram,
ficaram bem gravadas, desde menino.
Vi casas sem sorte pelo mau destino,
viúvas de vivos loucas que se mataram,
gente que trabalhando se endividaram
povo escravo, humilde com dor e desatino.
Povo pobre e triste, do grande império,
para onde só iam políticos e desterrados
os senhores de bem, da monástica gente.
Povo de memória curta e sem critério
que ainda fala de heróis enterrados,
tudo isto na minha memória está presente.
quinta-feira, 24 de março de 2011
António da Mota
Bendito Sol
Bendito o Sol que germina
a semente que floresce,
que toda a Terra ilumina,
aconchega e aquece...
Se o homem se espelhasse
nesta lição da natureza
e somente praticasse
actos puros, de nobreza:
Todos os povos irmanados
em paz e cooperação...
todos os continentes integrados
pela força... pela fé... pela união
Talvez fosse possível a vida
sem miséria, sem doença...
poderia a fome ser vencida
pelo trabalho e persistência.
Deus não tem nacionalidade
a terra dele é o nosso"interior"
o seu lema é a verdade,
a fraternidade e o amor...
"Vinho Tinto"
Bendito o Sol que germina
a semente que floresce,
que toda a Terra ilumina,
aconchega e aquece...
Se o homem se espelhasse
nesta lição da natureza
e somente praticasse
actos puros, de nobreza:
Todos os povos irmanados
em paz e cooperação...
todos os continentes integrados
pela força... pela fé... pela união
Talvez fosse possível a vida
sem miséria, sem doença...
poderia a fome ser vencida
pelo trabalho e persistência.
Deus não tem nacionalidade
a terra dele é o nosso"interior"
o seu lema é a verdade,
a fraternidade e o amor...
"Vinho Tinto"
quinta-feira, 17 de março de 2011
Atónio da Mota
Suor do rosto
Trabalho feito com gosto
tem uma outra medida:
até o suor do rosto
outro gosto põe na vida!
"Gosto"
Quadra popular
Meu refúgio e meu enlevo
meu pão e meu agasalho
é o trabalho, a quem devo
quanto tenho e quanto valho!
"Menina e moça"
Quadra
Ao trabalho dou a vida
mas quando chegar meu fim
é a vida agradecida
que fica a falar de mim!
"Marialva"
Trabalho feito com gosto
tem uma outra medida:
até o suor do rosto
outro gosto põe na vida!
"Gosto"
Quadra popular
Meu refúgio e meu enlevo
meu pão e meu agasalho
é o trabalho, a quem devo
quanto tenho e quanto valho!
"Menina e moça"
Quadra
Ao trabalho dou a vida
mas quando chegar meu fim
é a vida agradecida
que fica a falar de mim!
"Marialva"
quarta-feira, 16 de março de 2011
António da Mota
Mineiro
Está sepultado em vida
a muitos metros de fundo,
na amarga e dura lida
sempre ausente do mundo.
É penoso o trabalho
da sua honesta profissão
com picareta e malho
trabalhando na escuridão.
Ele extrai Prata e Ouro
e ganha pouco dinheiro!...
sem riqueza nem tesouro
é sempre o pobre mineiro.
"Lucena"
Está sepultado em vida
a muitos metros de fundo,
na amarga e dura lida
sempre ausente do mundo.
É penoso o trabalho
da sua honesta profissão
com picareta e malho
trabalhando na escuridão.
Ele extrai Prata e Ouro
e ganha pouco dinheiro!...
sem riqueza nem tesouro
é sempre o pobre mineiro.
"Lucena"
segunda-feira, 14 de março de 2011
Solidadriedade com os japonoses
Aos visitantes do rimapontocom residentes no Japão (que presumo sejam portugueses) quero aqui prestar-lhes a minha solidariedade, e expressar o meu desejo de que nada lhe tenha acontecido, para além do susto e ansiedade provocados pelo violento terramoto ocorrido na passada semana. E estou torcendo para que as centrais nucleares não venham a provocar mais tragédia.
António da Mota
Abelha
Atarefada à procura
do mel e cera p'ro sustento,
e com a vida mal segura
pela chuva e pelo vento.
O seu trabalho é enorme
na colmeia onde mora,
ninguém sabe se ela dorme
ou se trabalha toda a hora.
Depois do mel e cera feito,
o homem vai lá directo
e chama a seu proveito
o trabalho do insecto.
"Lucena"
Atarefada à procura
do mel e cera p'ro sustento,
e com a vida mal segura
pela chuva e pelo vento.
O seu trabalho é enorme
na colmeia onde mora,
ninguém sabe se ela dorme
ou se trabalha toda a hora.
Depois do mel e cera feito,
o homem vai lá directo
e chama a seu proveito
o trabalho do insecto.
"Lucena"
sexta-feira, 11 de março de 2011
António da Mota
Quadras
O trabalho não fatiga
quem cresceu a trabalhar
só fatiga gente amiga
de viver a mandriar
"Jasão João"
Ó irmão trabalhador
dos povos todos padrão
lutas por vida melhor
tendo por arma a razão
"Zé Trabuca"
Se o trabalho dá saúde
e a preguiça é má pra gente
haja quem as coisas mude
trabalhe quem for doente
"Zé Langão"
Tu, oh homem que trabalhas,
os calos que nas mãos trazes
são as únicas medalhas
que ganhas, pelo que fazes!...
"Alguém"
O trabalho não fatiga
quem cresceu a trabalhar
só fatiga gente amiga
de viver a mandriar
"Jasão João"
Ó irmão trabalhador
dos povos todos padrão
lutas por vida melhor
tendo por arma a razão
"Zé Trabuca"
Se o trabalho dá saúde
e a preguiça é má pra gente
haja quem as coisas mude
trabalhe quem for doente
"Zé Langão"
Tu, oh homem que trabalhas,
os calos que nas mãos trazes
são as únicas medalhas
que ganhas, pelo que fazes!...
"Alguém"
quinta-feira, 10 de março de 2011
António da Mota
Quadras
Quando o suor cai do rosto
mas se canta de alegria,
há no trabalho outro gosto
e o que se faz tem valia.
"Catavento"
As mãos calosas do malho,
da caneta, da enxada,
são indício de trabalho
onde a vida é devorada.
"Bagatela"
Não nasce o pão da semente
nem a vida nada traz
se o trabalho, em nossa mente,
não tiver por alvo a paz.
"Alvorada"
Quem trabalha toda a vida
e não ganha o suficiente
tem uma vida entristecida
nunca pode estar contente
"Desinfeliz"
Definir o trabalhar
- já o ouvi à razão -
é, por vezes, mendigar
o ter direito a ter pão.
"Mar-Mundo"
Quando o suor cai do rosto
mas se canta de alegria,
há no trabalho outro gosto
e o que se faz tem valia.
"Catavento"
As mãos calosas do malho,
da caneta, da enxada,
são indício de trabalho
onde a vida é devorada.
"Bagatela"
Não nasce o pão da semente
nem a vida nada traz
se o trabalho, em nossa mente,
não tiver por alvo a paz.
"Alvorada"
Quem trabalha toda a vida
e não ganha o suficiente
tem uma vida entristecida
nunca pode estar contente
"Desinfeliz"
Definir o trabalhar
- já o ouvi à razão -
é, por vezes, mendigar
o ter direito a ter pão.
"Mar-Mundo"
quarta-feira, 9 de março de 2011
António da Mota
Quadras
Se Deus é bom e não mente
e ninguém lhe pede em vão,
porquê - meu Deus - tanta gente
a trabalhar sem ver pão?
"zé Ninguém"
Há, dentro do nosso ser,
uma lição modelar:
o coração a bater,
toda a vida a trabalhar.
"Migalha"
Trabalhar é investir
nossa valia e suor
na construção do porvir,
visando um mundo melhor.
"José de Albuquerque"
Muitos homens são formigas:
trabalham de noite e dia.
Outros, preferem cantigas,
discursos, demagogia.
"Tridente"
Trabalhar, se der prazer,
dá-nos a vida também,
pois, no fundo, é aprender
a ser homem, ser alguém.
"Triângulo"
Se alguém prefere a preguiça
pois trabalhar cansa e sua,
não é homem, é cortiça;
não nada, ou vive, flutua.
"Ventania"
Se Deus é bom e não mente
e ninguém lhe pede em vão,
porquê - meu Deus - tanta gente
a trabalhar sem ver pão?
"zé Ninguém"
Há, dentro do nosso ser,
uma lição modelar:
o coração a bater,
toda a vida a trabalhar.
"Migalha"
Trabalhar é investir
nossa valia e suor
na construção do porvir,
visando um mundo melhor.
"José de Albuquerque"
Muitos homens são formigas:
trabalham de noite e dia.
Outros, preferem cantigas,
discursos, demagogia.
"Tridente"
Trabalhar, se der prazer,
dá-nos a vida também,
pois, no fundo, é aprender
a ser homem, ser alguém.
"Triângulo"
Se alguém prefere a preguiça
pois trabalhar cansa e sua,
não é homem, é cortiça;
não nada, ou vive, flutua.
"Ventania"
O autor, António da Mota, utiliza para cada uma das quadras um pseudónimo diferente. O conjunto dos poemas de A.da M. a que tive acesso, numa biblioteca, estão dactilografados em folhas A4, algumas são fotocópia, cujas folhas foram empastadas e coladas, segundo percebo, como forma de não se separarem ou perderem-se. Dados do autor, desconheço em absoluto. Nalgumas dessas folhas há em cabeçalho VIII Jogos Forais Nacionais do Conselho da Moita". É possível que este cabeçalho explique a utilização de pseudónimos...
segunda-feira, 7 de março de 2011
domingo, 6 de março de 2011
sábado, 5 de março de 2011
sexta-feira, 4 de março de 2011
Francisco Miguel
Roçamos pelas estrelas
É amor fino perfume
água corrente a cantar
doce calor de algum lume
que não se sente queimar.
Meu amor, subi ao céu
no mais veloz avião
o céu azul será meu
porque é o céu da paixão.
Roçamos pelas estrelas
sempre com mais seguranças
é nessa luz que vem delas
que ponho minhas esperanças.
O sonho é parte de vida
porque a vida está no sonho
quando o amor é tamanho
é um amor sem medida.
Meu braço vai-te amparar
meu amor não cairás
sempre te vai procurar
quem por amor tudo faz.
É amor fino perfume
água corrente a cantar
doce calor de algum lume
que não se sente queimar.
Meu amor, subi ao céu
no mais veloz avião
o céu azul será meu
porque é o céu da paixão.
Roçamos pelas estrelas
sempre com mais seguranças
é nessa luz que vem delas
que ponho minhas esperanças.
O sonho é parte de vida
porque a vida está no sonho
quando o amor é tamanho
é um amor sem medida.
Meu braço vai-te amparar
meu amor não cairás
sempre te vai procurar
quem por amor tudo faz.
quinta-feira, 3 de março de 2011
Francisco Miguel
A vontade é motor
A vontade quando é forte
nada há que lhe resista
à vontade só a morte
Se é vontade que persista.
A vontade é decisão
tudo pode conseguir
até a própria revolução
que é destruir-construir.
A vontade corajosa
a vida pode mudar
é uma vaga alterosa
que tudo pode afogar.
Do povo a forte vontade
se se liga à decisão
é a própria revolução
e com ela a liberdade.
A vontade quando é forte
nada há que lhe resista
à vontade só a morte
Se é vontade que persista.
A vontade é decisão
tudo pode conseguir
até a própria revolução
que é destruir-construir.
A vontade corajosa
a vida pode mudar
é uma vaga alterosa
que tudo pode afogar.
Do povo a forte vontade
se se liga à decisão
é a própria revolução
e com ela a liberdade.
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