A Verdade
Eu sei que a verdade
é amarga e arde
nos corações perversos.
Mas que é sinceridade
cantada em versos
na boca dos poetas,
esses loucos possessos
da fonte da poesia,
profetas
do futuro que algum dia
virá à humanidade.
Eu sei.
Sei que a verdade
é amarga e arde.
Por isso canto e cantarei
apenas a verdade.
domingo, 26 de junho de 2011
terça-feira, 21 de junho de 2011
Manuel João Mansos
A clara razão
Tens de soltar um grito,
um grito de alegria,
nesta província deserta
de terras abandonadas:
-Acabem com as coutadas!
Pois se esta terra germina
azeite, vinho e trigo!
Deixarás de ser mendigo
para então trabalhares
e nunca mais emigrares.
Farás assim tua vontade.
Que eu vivo na ansiedade
de te ouvir alto gritar:
-É aqui que eu quero ficar,
não aceito a emigração,
esse desterro social!
Calares tão clara razão
não é o teu natural
nem de homem é calar.
Grita, pois, teu grito novo:
-A terra Há-de germinar
quando for terra do povo!
Tens de soltar um grito,
um grito de alegria,
nesta província deserta
de terras abandonadas:
-Acabem com as coutadas!
Pois se esta terra germina
azeite, vinho e trigo!
Deixarás de ser mendigo
para então trabalhares
e nunca mais emigrares.
Farás assim tua vontade.
Que eu vivo na ansiedade
de te ouvir alto gritar:
-É aqui que eu quero ficar,
não aceito a emigração,
esse desterro social!
Calares tão clara razão
não é o teu natural
nem de homem é calar.
Grita, pois, teu grito novo:
-A terra Há-de germinar
quando for terra do povo!
quinta-feira, 16 de junho de 2011
Manuel João Mansos
Depois do dever cumprido
Depois do dever cumprido,
Ó homem, não te apoquentes,
deixa vir o que vier.
Se és por alguém denegrido,
já que nasceste poeta,
nessa luta te aguentes,
-não é poeta quem quer:
só aquele que desperta
para a aurora da verdade
por tantos sempre encoberta
com dizeres de falsidade,
atrás de servil comédia,
onde muitos dos actores
a representam sem rédea
mas com freio de várias cores;
portanto, se és denegrido
aguenta as tuas dores.
Estás a teus irmãos unido
segue avante o teu fadário
e não te julgues solitário
depois do dever cumprido.
Depois do dever cumprido,
Ó homem, não te apoquentes,
deixa vir o que vier.
Se és por alguém denegrido,
já que nasceste poeta,
nessa luta te aguentes,
-não é poeta quem quer:
só aquele que desperta
para a aurora da verdade
por tantos sempre encoberta
com dizeres de falsidade,
atrás de servil comédia,
onde muitos dos actores
a representam sem rédea
mas com freio de várias cores;
portanto, se és denegrido
aguenta as tuas dores.
Estás a teus irmãos unido
segue avante o teu fadário
e não te julgues solitário
depois do dever cumprido.
quarta-feira, 15 de junho de 2011
Manuel João Mansos
Um só ideal
Não quero credos a meias
mas sim o credo total:
corra só em nossas veias
sangue de um só ideal.
P'ra todo aquele que sente
na alma fraternidade,
ter um credo é simplesmente
vivê-lo em sinceridade.
E tu, que vives com peias,
qual é teu credo, afinal?
Não, não há credos a meias,
mas sim um credo total.
Não quero credos a meias
mas sim o credo total:
corra só em nossas veias
sangue de um só ideal.
P'ra todo aquele que sente
na alma fraternidade,
ter um credo é simplesmente
vivê-lo em sinceridade.
E tu, que vives com peias,
qual é teu credo, afinal?
Não, não há credos a meias,
mas sim um credo total.
terça-feira, 14 de junho de 2011
Manuel João Mansos
Nunca te dês por vencido
Por sofrer muito na vida,
nunca te dês por vencido:
luta de cabeça erguida
sem um ai, nem um gemido.
"Nem só de pão vive o homem",
ó meus queridos companheiros,
a não ser os tais, que comem
o pão dos trinta dinheiros.
Estes, sim, são desgraçados,
não o és tu, na tua dor;
comem o pão dos deserdados,
tu, pão de agruras em flor.
Pão de amargura comido
é mel n'alma deprimida,
Nunca te dês por vencido
por sofrer muito na vida.
Por sofrer muito na vida,
nunca te dês por vencido:
luta de cabeça erguida
sem um ai, nem um gemido.
"Nem só de pão vive o homem",
ó meus queridos companheiros,
a não ser os tais, que comem
o pão dos trinta dinheiros.
Estes, sim, são desgraçados,
não o és tu, na tua dor;
comem o pão dos deserdados,
tu, pão de agruras em flor.
Pão de amargura comido
é mel n'alma deprimida,
Nunca te dês por vencido
por sofrer muito na vida.
segunda-feira, 13 de junho de 2011
Manuel João Mansos
O Homem que bem se regre
Quero cantar, ser alegre,
Já não me importa a tristeza.
O homem que bem se regre
faz do seu riso firmeza!
Quando o coração está triste
no rosto riso profundo,
que o riso é de quem resiste
aos mandões cá deste mundo.
E aquele que sabe honrar
a ideia que o norteia
ouve no peito cantar
sorrisos em maré-cheia;
nunca mais na dor se enleia
a pontos de andar perdido,
mostra leal inteireza:
vence-a, jamais é vencido,
pois faz do riso firmeza
o homem que bem se regre.
Já não me importa a tristeza,
quero cantar, ser alegre!
Quero cantar, ser alegre,
Já não me importa a tristeza.
O homem que bem se regre
faz do seu riso firmeza!
Quando o coração está triste
no rosto riso profundo,
que o riso é de quem resiste
aos mandões cá deste mundo.
E aquele que sabe honrar
a ideia que o norteia
ouve no peito cantar
sorrisos em maré-cheia;
nunca mais na dor se enleia
a pontos de andar perdido,
mostra leal inteireza:
vence-a, jamais é vencido,
pois faz do riso firmeza
o homem que bem se regre.
Já não me importa a tristeza,
quero cantar, ser alegre!
Manuel João Mansos, é autor de Alentejo Maior, velhinha edição de autor de 1972, livro de poemas que tem o Alentejo e o seu Povo por tema. Nasceu em 1916 na Vidigueira.
Segundo Manuel da Fonseca, "Rosto virado ao quotidiano, M.J.M. acusa, sem tibiezas , a injustiça e canta, herança da mãe, a ternura pelo seu semelhante."
domingo, 12 de junho de 2011
Manuel João Mansos
O meu livro
Meu livro, leitor amigo,
é este cantar poemas
que são o porto de abrigo
de quem não suporta algemas.
Liberdade é dom de Deus
dado a todo o ser vivente:
sejam cristãos ou ateus
todos são livres, são gente.
Mas a contrários intuitos
há quem a todos obrigue;
são poucos, dominam muitos:
é só p'ra eles ser livres.
Quando o mal lança o assalto,
eu o enfrento lutando:
ao meu destino não falto,
amigos, cá vou cantando.
Quem pode ficar calado
se não vê na vida o norte?
Consentir olhos vendados
é estar morto antes da morte.
Fartos caminhos de pão
têm guardas à entrada;
tão injusta negação
não foi por Deus ordenada.
P'ra que se cumpra o que é justo
alta vontade comanda:
que se lute a todo o custo
por aquilo que Deus manda.
Quantos já foram vencidos
deixaram bons pergaminhos:
é da lei que os oprimidos
tentem romper seus caminhos.
Se cada qual se sentisse
herdeiro de exemplos maiores,
as searas não teriam
escalrachos de ditadores.
E quando o trigo nascer
do ruim escalracho salvo,
quem nega que há-de crescer
para todos o pão alvo?
Amigos, este é o meu
natural tom de cantar:
liberdade que Deus me deu
ninguém ma pode roubar.
Meu livro, leitor amigo,
é este cantar poemas
que são o porto de abrigo
de quem não suporta algemas.
Liberdade é dom de Deus
dado a todo o ser vivente:
sejam cristãos ou ateus
todos são livres, são gente.
Mas a contrários intuitos
há quem a todos obrigue;
são poucos, dominam muitos:
é só p'ra eles ser livres.
Quando o mal lança o assalto,
eu o enfrento lutando:
ao meu destino não falto,
amigos, cá vou cantando.
Quem pode ficar calado
se não vê na vida o norte?
Consentir olhos vendados
é estar morto antes da morte.
Fartos caminhos de pão
têm guardas à entrada;
tão injusta negação
não foi por Deus ordenada.
P'ra que se cumpra o que é justo
alta vontade comanda:
que se lute a todo o custo
por aquilo que Deus manda.
Quantos já foram vencidos
deixaram bons pergaminhos:
é da lei que os oprimidos
tentem romper seus caminhos.
Se cada qual se sentisse
herdeiro de exemplos maiores,
as searas não teriam
escalrachos de ditadores.
E quando o trigo nascer
do ruim escalracho salvo,
quem nega que há-de crescer
para todos o pão alvo?
Amigos, este é o meu
natural tom de cantar:
liberdade que Deus me deu
ninguém ma pode roubar.
quarta-feira, 8 de junho de 2011
João Farelo
Ecce Homo
Homem,
É aquele que se levanta
Em cada vez que cai.
E caindo outra vez,
Se levanta de novo.
E que depois de dar
Tudo o que tem,
Dá mais um pouco.
E quando exangue,
Exausto e quasi louco,
Num esforço supremo,
Ingente, enorme...
Como se fosse um povo.
se levanta
De novo.
sábado, 4 de junho de 2011
João Farelo
Conceitos
Tantas horas usadas
Que agora sei
Perdidas
Tanta verdade imposta
Que agora sei
Mentiras
Tanto custo a crescer
E tão incerta a vida
Tanta coisa a aprender
Tanta coisa esquecida
Tanto ódio rotulado
Tanta palavra ambígua
Tanta imagem truncada
Que mostramos aos outros
Tantas coisas no mundo
Para serem mudadas
Tantas horas perdidas
Que agora sei
Usadas.
Tantas horas usadas
Que agora sei
Perdidas
Tanta verdade imposta
Que agora sei
Mentiras
Tanto custo a crescer
E tão incerta a vida
Tanta coisa a aprender
Tanta coisa esquecida
Tanto ódio rotulado
Tanta palavra ambígua
Tanta imagem truncada
Que mostramos aos outros
Tantas coisas no mundo
Para serem mudadas
Tantas horas perdidas
Que agora sei
Usadas.
quinta-feira, 2 de junho de 2011
João Farelo
Por aqui vou
Por aqui vou
Por ali não
Vou pela estrada
Que não tem chão
Por ali não
Por aqui vou
Sou peregrino
Sou como sou
E se quisesse
Ser como o vento
Ia às estrelas
Em pensamento
Ai como queria
Ter uma meta
Ai como eu queria
Não ter escolha
Ser assim como
Os outros são
Mas tenho a sina
Da decisão
Nos cruzamentos
Lá vem a lei
Por aqui vou
Por ali não
Por aqui vou
Por ali não
Vou pela estrada
Que não tem chão
Por ali não
Por aqui vou
Sou peregrino
Sou como sou
E se quisesse
Ser como o vento
Ia às estrelas
Em pensamento
Ai como queria
Ter uma meta
Ai como eu queria
Não ter escolha
Ser assim como
Os outros são
Mas tenho a sina
Da decisão
Nos cruzamentos
Lá vem a lei
Por aqui vou
Por ali não
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