A rosa que se não colhe
Nem por isso tem mais vida.
Ninguém há que te não olhe
Que te não queira colhida.
Tenho vontade de ver-te
Mas não sei como acertar.
Passeias onde não ando
Andas sem eu te encontrar.
Vai alta a nuvem que passa.
Vai alto o meu pensamento
Que é escravo da tua graça
Como a nuvem o é do vento.
sábado, 23 de fevereiro de 2013
segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013
Fernando Pessoa
O vaso que dei àquela
Que não sabe quem lho deu
Há-de ser posto à janela
Sem ninguém saber que é meu.
O malmequer que arrancaste
Deu-te nada no seu fim,
Mas o amor que me arrancaste,
Se deu nada, foi a mim.
Teu xaile de seda escura
É posto de tal feição
Que alegre se dependura
Dentro do meu coração.
Que não sabe quem lho deu
Há-de ser posto à janela
Sem ninguém saber que é meu.
O malmequer que arrancaste
Deu-te nada no seu fim,
Mas o amor que me arrancaste,
Se deu nada, foi a mim.
Teu xaile de seda escura
É posto de tal feição
Que alegre se dependura
Dentro do meu coração.
quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013
Fernando Pessoa
Tens uma rosa na mão.
Não sei se é para me dar.
As rosas que tens na cara,
Essas sabes tu guardar.
Levas uma rosa ao peito
E tens um andar que é teu...
Antes tivesses o jeito
De amar alguém, que sou eu.
Tens um livro que não lês,
Tens uma flor que desfolhas;
Tens um coração aos pés
E para ele não olhas.
Não sei se é para me dar.
As rosas que tens na cara,
Essas sabes tu guardar.
Levas uma rosa ao peito
E tens um andar que é teu...
Antes tivesses o jeito
De amar alguém, que sou eu.
Tens um livro que não lês,
Tens uma flor que desfolhas;
Tens um coração aos pés
E para ele não olhas.
segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013
Fernando Pessoa
Quadras Populares
Teus olhos tristes, parados,
Coisa nenhuma a fitar...
Ah meu amor, meu amor,
Se eu fora nenhum lugar!
Em vez da saia de chita
Tens uma saia melhor.
De qualquer modo és bonita,
E o bonita é o pior.
Teus brincos dançam se voltas
A cabeça a perguntar.
São como andorinhas soltas
Que ainda não sabem voar.
Teus olhos tristes, parados,
Coisa nenhuma a fitar...
Ah meu amor, meu amor,
Se eu fora nenhum lugar!
Em vez da saia de chita
Tens uma saia melhor.
De qualquer modo és bonita,
E o bonita é o pior.
Teus brincos dançam se voltas
A cabeça a perguntar.
São como andorinhas soltas
Que ainda não sabem voar.
sábado, 9 de fevereiro de 2013
Fernando Pessoa
Um dos maiores poetas portugueses de todos os tempos, o celebrado Fernando Pessoa, na sua formidável obra deixou-nos também poesia de inspiração popular sob a forma Quadras Populares. No total serão algumas centenas de Quadras, com a particularidade de a esmagadora maioria ter sido escrita já no final da sua vida, ou seja, depois da vasta obra de natureza culta, dramática, mística, especulativa. Pessoa não desdenhou fazer poesia "menor", segundo as suas próprias palavras (Ou terá sido um descer voluntário, portanto, ao grau 0 da poesia, depois de ter atingido o mais elevado grau da sua escala de valores - o de poeta dramático, segundo Luísa Freire?).
Iremos inscrever neste sítio algumas dessas Quadras Populares.
Tens o leque desdobrado
Sem que estejas a abanar.
Amor que pensa e que pensa
Começou ou vai acabar.
Toda a noite ouvi no tanque
A pouca água a pingar.
Toda a noite ouvi na alma
Que não me podes amar.
Trazes a rosa na mão
E colheste-a distraída...
E que é do meu coração
Que colheste mais sabida?
sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013
Francisco Miguel
Temos homens de talento
Temos homens de talento
amantes da discussão
que falam do sofrimento
fazem discursos ao vento
mas temem a revolução.
Em sua filosofia
querem as tardes amenas
e que a "pobre burguesia"
quando tiver cair
venha a cair sobre penas.
Temos homens de talento
amantes da discussão
que falam do sofrimento
fazem discursos ao vento
mas temem a revolução.
Em sua filosofia
querem as tardes amenas
e que a "pobre burguesia"
quando tiver cair
venha a cair sobre penas.
terça-feira, 5 de fevereiro de 2013
Amália
A Grande Amália cantou os melhores poetas. Ary dos Santos foi um deles. Com Alain Oulman, Amália formou uma parceria que deixou uma obra memorável.
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