segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

Fernando Pessoa

O vaso que dei àquela
Que não sabe quem lho deu
Há-de ser posto à janela
Sem ninguém saber que é meu.

O malmequer que arrancaste
Deu-te nada no seu fim,
Mas o amor que me arrancaste,
Se deu nada, foi a mim.

Teu xaile de seda escura
É posto de tal feição
Que alegre se dependura
Dentro do meu coração.

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