Um dos maiores poetas portugueses de todos os tempos, o celebrado Fernando Pessoa, na sua formidável obra deixou-nos também poesia de inspiração popular sob a forma Quadras Populares. No total serão algumas centenas de Quadras, com a particularidade de a esmagadora maioria ter sido escrita já no final da sua vida, ou seja, depois da vasta obra de natureza culta, dramática, mística, especulativa. Pessoa não desdenhou fazer poesia "menor", segundo as suas próprias palavras (Ou terá sido um descer voluntário, portanto, ao grau 0 da poesia, depois de ter atingido o mais elevado grau da sua escala de valores - o de poeta dramático, segundo Luísa Freire?).
Iremos inscrever neste sítio algumas dessas Quadras Populares.
Tens o leque desdobrado
Sem que estejas a abanar.
Amor que pensa e que pensa
Começou ou vai acabar.
Toda a noite ouvi no tanque
A pouca água a pingar.
Toda a noite ouvi na alma
Que não me podes amar.
Trazes a rosa na mão
E colheste-a distraída...
E que é do meu coração
Que colheste mais sabida?
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