quarta-feira, 4 de maio de 2011

Eduardo Olímpio

fiz um contrato com o vento
de não me deixar prender
nem por oiros nem por falas
nem por balas de morrer

fiz um contrato com o vento
que hei-de cumprir por inteiro
dizer pão e dizer povo
desde janeiro a janeiro

fiz um contrato com o vento
sobre as arribas da serra
de só apertar a mão
a quem disser não à guerra

fiz um contrato com o vento
que o vento não sabe ler
mas entende deste mundo
mais que os livros de saber

fiz um contrato com o vento
entre estevas e pinhais
posso cantar toda a noite
que ninguém me prende mais

ninguém me amarra a canção
na liberdade que invento
que o vento é meu aliado
e ninguém amarra o vento.

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