quinta-feira, 5 de maio de 2011

Eduardo Olímpio

eram campos e montados
nos olhos de antigamente
e a estrada furando o tempo
pondo o passado na frente

eram velhos às empenas
do monte espreitando o sol
e eu de nove desdobrando
os seus nomes no meu rol

era alvalade era ermidas
e as moças que eu namorei
(oh, canos das caçadeiras
dos pais que não consultei!)

era um regalo um regaço
- que me embalava na estrada
meu Alentejo de tanto
com tantos a não ter nada

eram campos e montados
um assombro de arvoredos
e os olhos ressuscitados
do pasmo de não ter medos

e plos campos campos fora
meus olhos de alentejano
brilhavam mais do que a aurora

brilhavam mais do que a aurora
meus olhos de antigamente

eram campos campos fora
pondo o passado na frente

Sem comentários:

Enviar um comentário