terça-feira, 23 de abril de 2013

Arminda Gonçalves

No limiar da noite

Um escuro crepúsc'lo. São, agora,
quase pretas as velas das fragatas
e os navios, no cais, a esta hora,
guardam no fundo bojo as mais abstractas

e inconcebíveis ânsias. Apavora
a cor das águas. Fosforecem pratas
e ourescentes sinais ao longe. E, embora,
a noite surja, as sombras são exactas.

Marcam no espaço riscos geométricos
as gaivotas. As duas largas margens
do rio são exóticas paisagens.

Passam na rua lívida os eléctricos
cheios de gente. E a noite é como um grito
tumultuoso de ânsia e de infinito.

Em chama reacendida


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