segunda-feira, 4 de abril de 2011

Helena Luisa Miranda Coentro

Alcácer tem na cegonha
Um testemunho a dizer:
Não faz pecado quem sonha
Um castelo p'ra viver.

Dos versos faço oração
Com versos ponho no Sado
Os saveiros do passado
Abrindo sulcos de pão.
Planto no rude chão
Arrozais que o homem sonha
Pois eu não sinto vergonha
De ter asas nos meus braços.
Alentejo tem nos espaços
Alcácer tem na cegonha.

Nos versos a musa espreita
Ao povo bom e irmão,
A cortiça, a solidão,
Os caminhos de giesta.
Alcácer com ar de festa
Eu invento com prazer
E não consigo deter
O sonho da terra-mãe
Onde Pedro Nunes tem
UM TESTEMUNHO A DIZER.

No meu poema singelo
Canto a charneca encantada
A força de uma tourada
As encostas do castelo.
O Alentejo tão belo
A deixar que o homem ponha
Na natureza tristonha
A magia dos sobreiros.
Com a fartura nos celeiros
NÃO FAZ PECADO QUEM SONHA.

Canto os trigais, o sapal,
A terra sedenta de água,
Florbela e sua mágoa,
Eu canto Alcácer do Sal.
A sombra do chaparral
Na tarde mansa a descer
No poema a descrever
Alcácer boa e risonha
Que até oferece à cegonha
UM CASTELO P'RA VIVER.

Helena Coentro, de Miratejo, Almada, com estas décimas obteve o 1º. prémio dos IV Jogos Florais da AURPICAS, Alcácer do Sal, em 1991

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