terça-feira, 27 de março de 2012

Agostinho Neto

Campos verdes

Os campos verdes, longas serras, ternos lagos
estendem-se harmoniosos na terra tranquila
onde os olhos adormecem temores vagos
acesos mornamente sob a dura argila,

seca, como outrora minguou a doce esperança
quente, imperecível como sempre o amor
sacrificada, sangrada na lembrança
do esforço bestial do látego opressor.

Em campos verdes, longas serra, ternos lagos
refulgem ígnias chamas, rubros rugem mares
cintilando de ódio, com sorrisos em mil afagos

São as vozes em coro na impaciência
buscando paz, a vida em cansaços seculares
nos lábios soprando uma palavra: independência!

Cadeia do Aljube, Setembro de 1960

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