Sou obrigado a cagar
À força sem ser cagão
Cago para quem governa
Sem rigor esta nação.
Sou um simples reformado
Ganho duzentos e poucos euros
E mal dá para os temperos
Por isso estou revoltado.
E não me dou controlado
Enquanto isto não mudar
Se assim continuar
Eu não tenho solução
E assim nesta condição
Sou obrigado a cagar.
Como posso estar contente
Com tanta desigualdade
Onde não há dignidade
Em certo tipo de gente
Tristes leis sem direcção
Daí a minha razão
De falar com frontalidade
E cagar em quantidade
à força, sem ser cagão.
Não quero ser indelicado
Com as minhas poesias
Mas hoje é um destes dias
Que não me dou controlado
Sabendo que estou cagado
Com a minha vida interna
Por isso me vejo à perna
Sempre antes do fim do mês
Sendo tão bem português
Cago para quem governa.
Tenho de me ir orientando
Com uma miséria de aumento
Mas com este sofrimento
Só me sinto bem cagando
Para o "posso quero e mando"
Vai toda esta porção
É a minha obrigação
Esta encomenda enviar
Para quem anda a governar
Sem rigor
Esta nação.
O Senhor Raimundo nasceu em Ervidel, em 1932. Foi assalariado agrícola, caboqueiro e comerciante
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