segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Sr. Raimundo, de Ervidel

Eu nasci há muitos anos
Neste Alentejo dourado
Guardo más recordações
Da forma como fui tratado.

Fui para o campo trabalhar
Ainda muito novinho
Tinha que estar caladinho
Sem poder reclamar
Eu tinha que aguentar
Os tratamentos tiranos
Assim que começo os planos
A preparar o futuro
Era um tempo muito duro
Eu nasci há muitos anos.

Nas terras de produção
Onde eu fui castigado
De certa forma explorado
Por vezes sem comer pão
Talvez por essa razão
Eu me tenha preparado
Sem para tal ter estudado
A lição para aprender
Eu aprendi a viver
Neste Alentejo dourado.

Foi assim que fui crescendo
É a pura da verdade
E com tanta crueldade
Mas com tudo ia vivendo
Por vezes até temendo
Mais aos lacaios que aos patrões
Que pareciam tubarões
Que jamais irei esquecer
Por me fazerem sofrer
Guardo más recordações.

Depois de uma certa idade
As coisas foram mudando
Foi assim que fui ganhando
Talvez mais capacidade
Com muita tenacidade
Sem esquecer o passado
Eu andava agoniado
Sem poder desabafar
Tenho muito que recordar
Da forma que fui tratado.

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