Não sei onde irei parar
Como é triste o meu passado
Levei a vida a lutar
Sinto-me velho cansado
Nasci com pouca sorte
Destino tão malfadado
Caminho acidentado
Valendo apenas meu porte
Rondou por mim a morte
Que só me quis dominar
Tudo fazendo p'ra me levar
Sem o menor sentimento
Não sei onde irei parar
Minha vida atormentada
Não tinha qualquer sentido
Sentia-me até perdido
Julgando nunca ser nada
Como a vida é recheada
De sofrimento, desagrado
Por vezes abandonado
Farto sim, de só sofrer
Que hoje só resta dizer
Como é triste o meu passado
Como é triste o meu passado
Vivi sempre na pobreza
Nos tempos da mocidade
Não me deixando saudade
Essa vida de incerteza
Porque a própria natureza
Minha inimiga sem par
Tanto me fez penar
Com suas fantasias
Que para ter melhores dias
Levei a vida a lutar
Já dei o que tinha a dar
Do meu corpo, minha alma
Tudo fazendo com calma
Enquanto por cá andar
Porque não queria abalar
Sem que ficasse vincado
O quanto fui dedicado
Ao dom da natureza
Que me deu esta incerteza
Sinto-me velho e cansado
Sinto-me velho e cansado
Isidoro Matias, natural de Santiago do Cacém, nasceu em 1921. Por razões de trabalho, fixou-se na Baixa da Banheira em 1942, onde constituiu família.Foi trabalhador da construção civil, da construção naval, operário da CUF e operário corticeiro.
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