sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Manuel de Jesus Silveira

Eu via na minha frente
a conta mal dividida
uns trabalharem demais
outros gozarem a vida

Se o Zé Povinho pequeno
tivesse conhecimento
não havia tanto avarento
cá dentro do nosso reino
dividiam o terreno
chegava para toda a gente
porque a terra permanente
cultivada tudo deu
estar a roubar do que é meu
eu via na minha frente

Quem trabalhava muito comia mal
quem trabalhava pouco comia bem
têm contos mais de cem
e o pobre sem ter real
eram senhores do capital
de boa perna estendida
fazendo a nós a partida
para o banco nacional
o que eu via em Portugal
era a conta mal dividida

O grande cultivador
trabalhava noite e dia
era quem lhe dava a valia
eles roubavam-lhe o valor
trabalhava ao frio e ao calor
suspirando e dando ais
os filhos ao pé dos pais
choravam que não tinham pão
era por essa razão
que uns trabalhavam demais

Eu não os via trabalhar
só lhes via prata e ouro
onde tinham esse tesouro
que tanto dinheiro iam buscar
eu só os via passear
no largo e na avenida
não lhes conhecia outra vida
que era viajarem de carro e trem
só os via comer bem
e gozarem boa vida

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