segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Sofia, de Messejana

Amôr é candeia acêsa
No peito de quem o tem,
É vontade de estar presa
Entre os braços do seu bem.

Amôr é gado na fôrra
De vontade encurralado,
É mocidade na bôrra
Desarmado do cuidado.

Amôr é sonho florido
Vai no vento como o fumo,
Rapariga sem marido
Perde na vida seu rumo.

Amor é fogueira ardendo
Dentro de nós sem se ver,
É cancro que vai comendo
Devagar, até morrer.

É uma ribeira corrente
De pedra em pedra a saltar
Murmulhando docemente
Vai-se, perder-se no mar.

É uma vela sempre a arder,
É mal que bem se acata,
Queima e não nos faz doer,
É nó que a morte desata.

O amor é sempre int'resseiro
E por vezes criminoso
Nem até um verdadeiro
Faz qualquer ente ditoso.

Nota: transcrição tal como publicado nos Cadernos Culturais (nº.IV) de Messejana.
Sofia dos Remédios Passanha de Morais Afonso Romano, cuja data de nascimento desconheço, faleceu no ano de 1897.

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