No peito de quem o tem,
É vontade de estar presa
Entre os braços do seu bem.
Amôr é gado na fôrra
De vontade encurralado,
É mocidade na bôrra
Desarmado do cuidado.
Amôr é sonho florido
Vai no vento como o fumo,
Rapariga sem marido
Perde na vida seu rumo.
Amor é fogueira ardendo
Dentro de nós sem se ver,
É cancro que vai comendo
Devagar, até morrer.
É uma ribeira corrente
De pedra em pedra a saltar
Murmulhando docemente
Vai-se, perder-se no mar.
É uma vela sempre a arder,
É mal que bem se acata,
Queima e não nos faz doer,
É nó que a morte desata.
O amor é sempre int'resseiro
E por vezes criminoso
Nem até um verdadeiro
Faz qualquer ente ditoso.
Nota: transcrição tal como publicado nos Cadernos Culturais (nº.IV) de Messejana.
Sofia dos Remédios Passanha de Morais Afonso Romano, cuja data de nascimento desconheço, faleceu no ano de 1897.
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